Caso de ‘vaca louca’ trava mercado do boi e frigoríficos suspendem abates

Um caso pré-confirmado da doença conhecida como “mal da vaca louca”, no estado do Pará, travou o mercado do boi gordo e deixou frigoríficos brasileiros paralisados nesta última quarta-feira (22).

Como consequência, diversos abates foram suspensos em várias regiões do país.

A compra de gado vem apresentando queda ao menos desde segunda-feira (20), quando o caso saiu na imprensa e começou a ser investigado. De lá para cá, seguindo um protocolo sanitário, houve a suspensão da exportação de carne para a China, a maior compradora do produto brasileiro.

De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Favaro, as evidências do episódio sugerem que a doença seja atípica, ou seja, quando é desenvolvida durante o processo degenerativo do bovino, geralmente em animais mais velhos, sem risco de contaminação para o rebanho ou a seres humanos.

A confirmação final deve sair nos próximos dias. O laboratório da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), no Canadá, recebeu materiais genéticos e começou a estudar o caso.

Na visão de Aedson Pereira, analista da S&P Global, mesmo antes da confirmação do caso de “mal da vaca louca”, o mercado já vivia um certo desconforto com a possibilidade de se instaurar uma crise na cadeia como um todo.

“Isso preocupa não só o pecuarista, mas gera uma preocupação da própria indústria pela possibilidade de não conseguir dar vazão à produção de carne, e o mercado interno está se arrastando”, declarou ele à Folha de S.Paulo.

Especificamente no Pará, onde ocorreu a suspeita da doença, Pereira diz acreditar que o impacto seria ainda mais negativo, pois as praças pecuárias daquele estado já contam com os preços da arroba mais baixos do Brasil, havendo uma enorme diferença em relação à referência de cotações de São Paulo, por exemplo.