
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), já provoca impactos diretos na economia brasileira. Um dos setores mais afetados é o de pescados: segundo a Abipesca (Associação Brasileira da Indústria de Pescados), cerca de 60 contêineres carregados com aproximadamente 1.000 toneladas de peixe estão retidos em portos brasileiros, como Salvador (BA), Pecém (CE) e Suape (PE), sem autorização para embarque.
O jornal Folha de S.Paulo informou que a paralisação foi motivada pelos próprios compradores norte-americanos, que suspenderam os embarques por não saberem como calcular os novos custos com a tarifa adicional. O tempo médio de travessia marítima é de até 20 dias — o que significa que, ao desembarcarem nos EUA, os produtos já estariam sujeitos à alíquota de 50%.
Segundo a Abipesca, os Estados Unidos representam 70% das exportações brasileiras de pescado, movimentando mais de US$ 240 milhões por ano. O presidente da entidade, Eduardo Lobo Naslavsky, explicou que os importadores estão avaliando os impactos financeiros da nova política e que muitos já sinalizaram desejo de renegociar os contratos.
A associação enquadra a situação como crítica e lista as perdas que o setor pode sofrer. “Essa medida terá um impacto significativo, especialmente no setor de pescados do Brasil, afetando diretamente as atividades industriais de produtos aquícolas”, afirmou a entidade em nota.
Diante da crise, a Abipesca pediu que o governo Lula atue com prudência e evite medidas retaliatórias que possam ampliar a crise comercial. A associação também solicitou que o Executivo acelere negociações com o mercado europeu, de forma a diversificar os destinos da produção nacional. “A morosidade dessa tratativa, em momentos como este, demonstra a importância de reduzir a dependência de mercados específicos para o pescado brasileiro”, declarou.