O governo chinês se posicionou nesta terça-feira (9) contra as sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Lei Global Magnitsky. A crítica foi feita pelo embaixador da China para assuntos da América Latina, Qiu Xiaoqi, durante entrevista coletiva com jornalistas em Pequim.
“Nós nos opomos ao unilateralismo e promovemos o multilateralismo. Nós nos opomos à hegemonia e à interferência nos assuntos domésticos por quaisquer outros países”, declarou o diplomata, em resposta direta à ação promovida pelo governo do presidente Donald Trump.
Apoio à soberania brasileira e crítica à hegemonia norte-americana
A declaração do embaixador surge em meio ao acirramento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, após o governo norte-americano ter sancionado Alexandre de Moraes em 30 de julho, com base na legislação que permite punir autoridades estrangeiras por violações a direitos humanos e práticas autoritárias.
Segundo Qiu Xiaoqi, Brasil e China continuarão trabalhando conjuntamente “pelo estabelecimento de um sistema internacional mais justo e democrático”. Ele reforçou que os dois países não são apenas parceiros estratégicos, mas também “fortes apoiadores e amigos do multilateralismo”.
Sul Global e alinhamento sino-brasileiro
O discurso do representante chinês se alinha à retórica oficial de Pequim em defesa da cooperação entre países do chamado Sul Global, bloco que inclui nações emergentes e em desenvolvimento. A China tem reiterado a necessidade de reduzir o domínio geopolítico de potências ocidentais e ampliar mecanismos multilaterais de decisão global.
Ao manifestar apoio à soberania do Brasil, o embaixador reforça o posicionamento chinês de não ingerência em assuntos internos de outros países, argumento frequentemente utilizado pelo regime de Pequim em fóruns internacionais, inclusive nas discussões sobre violações de direitos humanos em seu próprio território.
Repercussão em meio à crise política
A declaração de Qiu Xiaoqi se dá sob o julgamento de Jair Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente está sob prisão domiciliar desde agosto e enfrenta julgamento que pode resultar em pena de até 43 anos de prisão.