Operação no Irã

Com ataque ao Irã, EUA abrem novo capítulo no conflito do Oriente Médio

Com ataque ao Irã, EUA abrem novo capítulo no conflito do Oriente Médio; Donald Trump na Casa Branca
Reprodução / Casa Branca

Os Estados Unidos abriram um novo capítulo na crise do Oriente Médio ao atacar três instalações nucleares no Irã, na noite de sábado (21). A ofensiva — confirmada pelo presidente Donald Trump — representa a mais ousada ação militar norte-americana contra a infraestrutura estratégica iraniana em décadas e intensifica o conflito entre Israel e Irã, colocando em risco a estabilidade regional e os fluxos globais de petróleo.

“Concluímos nosso ataque bem-sucedido às três instalações nucleares no Irã, incluindo Fordow, Natanz e Esfahan”, afirmou Trump na Truth Social. Horas depois, em pronunciamento, o presidente norte-americano fez um ultimato a Teerã: retomar imediatamente negociações de desarmamento nuclear ou enfrentar novas retaliações.

EUA negam mudança de regime

Em entrevista coletiva no domingo (22), o secretário de Defesa Pete Hegseth e o chefe do Estado-Maior Dan Caine detalharam a operação “Midnight Hammer” (“Martelo da Meia-Noite”). Segundo os oficiais, sete bombardeiros B-2 invadiram o espaço aéreo iraniano sem serem detectados e “devastaram” os principais centros do programa nuclear.

“Não buscamos mudança de regime. Mas responderemos com força sempre que nossos cidadãos ou aliados forem ameaçados”, declarou Hegseth.

President Donald J. Trump in The Situation Room, June 21, 2025 / Reprodução / Casa Branca

Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz

Na madrugada de domingo, o Irã respondeu com mísseis contra Israel, atingindo áreas residenciais em Tel Aviv e Ness Ziona. Segundo autoridades israelenses, cerca de 80 pessoas ficaram feridas.

O chanceler iraniano Abbas Araghchi acusou os EUA de terem cruzado “uma linha vermelha histórica” e declarou que o país se defenderá “por todos os meios necessários”. Já o Parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das rotas mais estratégicas do petróleo mundial. A decisão ainda depende da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo aiatolá Ali Khamenei.

Israel apoia ofensiva americana

O premiê israelense Benjamin Netanyahu parabenizou Trump:
“Essa ação audaciosa mudará a história. O Irã entenderá que não ficará impune.”

Líderes europeus, por outro lado, reagiram com preocupação. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que se trata de “uma escalada perigosa em uma região já tensionada”.

O presidente francês Emmanuel Macron declarou que pediu ao presidente iraniano Massoud Pezeshkian o retorno ao diálogo. Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, defendeu o respeito ao direito internacional e Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, instou o Irã a “voltar à mesa de negociações”.

Rússia e China condenaram o ataque. Moscou classificou o bombardeio como “irresponsável e ilegal”. Pequim apelou pelo cessar-fogo imediato, principalmente por parte de Israel.

Especialistas veem mensagem estratégica aos rivais

Segundo William F. Wechler, ex-subsecretário adjunto de Defesa dos EUA, o ataque foi um movimento estratégico:
“Se o Irã continuar com sua resistência, novos alvos econômicos e energéticos serão atingidos. O regime está em posição fraca.”

Para Alan Pino, analista com passagem pela CIA, o ataque é também um recado à Rússia e à China:
“Trump demonstrou que evitar novas guerras não significa recuar quando interesses centrais dos EUA estão em jogo.”