
A jovem britânica Megan Dixon tinha apenas 16 anos quando entrou no hospital para uma breve avaliação médica. O que seriam quatro dias de internação se transformaram em um período de dois anos em leitos e centros especializados, após uma série de eventos neurológicos inexplicáveis culminarem em paralisia total. Ela não falava, não enxergava, não se movia. E ouviu que jamais voltaria a fazer qualquer uma dessas coisas.
O diagnóstico só veio mais tarde: Transtorno Neurológico Funcional (FND, na sigla em inglês), uma disfunção que compromete a forma como o cérebro envia e processa sinais para o corpo, apesar de não haver lesão estrutural detectável. Condições como essa ainda enfrentam preconceito dentro do próprio meio médico, por sua complexidade diagnóstica e sintomas imprevisíveis, que incluem paralisias, convulsões e perda de funções motoras e sensoriais.

Durante a fase mais crítica da doença, Megan chegou a ter 50 convulsões por dia. Foi alimentada por sondas, perdeu a autonomia completa e chegou a ser desenganada pelos médicos. “Eles pediram que meus pais se preparassem para o pior”, contou. Mas sobreviveu. E, mais que isso, começou a reconstruir sua vida.
Hoje, aos 20 anos, Megan fala, se move e planeja o futuro. Pretende trabalhar como manicure, economiza para um curso e está prestes a se mudar com o namorado, onde pretendem viver juntos. Ela ainda não pode andar — uma cirurgia nos joelhos será necessária para reverter as contrações que mantém suas pernas esticadas —, mas já voltou a sonhar.

A jovem compartilha sua rotina nas redes sociais e ajuda a dar visibilidade a um transtorno que, segundo a organização FND Action, transforma a vida dos pacientes de forma abrupta, mas ainda sofre com estigmas. A ciência hoje reconhece que traumas psicológicos podem ser fatores de risco, mas não explicam sozinhos a doença.
Em um depoimento aberto, Megan relatou que cada pequeno progresso é motivo de celebração: “Mexer um dedo, falar uma palavra, viver mais um dia. Tudo isso importa muito para mim”.