O Irã decidiu impedir o acesso do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, às suas instalações nucleares.
A medida também incluiu a retirada das câmeras de monitoramento instaladas nesses locais, segundo anúncio feito neste sábado (28) por Hamid Reza Haji Babaei, vice-presidente do Parlamento iraniano e integrante da Frente Yekta.
O pronunciamento ocorreu durante uma cerimônia fúnebre em homenagem a cientistas e militares iranianos mortos em ataques realizados por Israel. Conforme noticiado pela agência Mehr, o governo de Teerã justificou a decisão afirmando que informações sigilosas sobre seus complexos nucleares teriam sido obtidas por Israel. No entanto, não foram divulgados detalhes sobre o tipo de dados supostamente capturados ou o método utilizado para essa obtenção. Tampouco se sabe se a AIEA tentará reabrir negociações para retomar as inspeções e reinstalar os sistemas de vigilância.
A medida surge logo após o término de uma ofensiva militar que durou 12 dias. Israel iniciou os ataques sob o argumento de agir preventivamente contra a produção de armas nucleares pelo regime iraniano — uma acusação negada por Teerã. A tensão entre os dois países intensificou-se após denúncias de que o Irã estaria enriquecendo urânio além dos limites fixados por acordos internacionais.
Historicamente, o Irã autorizava a fiscalização de suas usinas nucleares pela AIEA como parte de um pacto assinado em 2015 com seis potências mundiais — China, França, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha — com mediação da União Europeia. O objetivo era conter o avanço do programa atômico iraniano.
Entretanto, em 2018, os Estados Unidos se retiraram do acordo durante o governo Donald Trump. Já em seu segundo mandato, iniciado em 2025, os EUA se alinharam militarmente a Israel na guerra contra o Irã. Instalações nucleares iranianas foram alvos de bombardeios americanos, sob a alegação de que Teerã não pode desenvolver armamento atômico sem colocar em risco a estabilidade global.