O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (16), pela quinta vez em menos de 10 dias, que a tarifa de 50% imposta sobre todos os produtos brasileiros é uma retaliação direta à forma como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem sendo tratado no Brasil.
A declaração foi feita na Casa Branca, dois dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de condenação de Bolsonaro no caso que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
“O melhor acordo que podemos fazer é enviar uma carta. E a carta diz que você vai pagar 30%, 35%, 25%, 20%… Em um caso (a tarifa) é 50% – Brasil – porque o que eles estão fazendo com seu ex-presidente é vergonhoso. Eu conheço o ex-presidente. Ele lutou muito pelo povo do Brasil, isso eu posso dizer. Eu acredito que ele é um homem honesto. Eu acho que o que eles estão fazendo com ele é terrível. Então, temos alguns bons acordos para anunciar”, disse Trump.
Na véspera, o presidente norte-americano já havia justificado a adoção da tarifa. “Estamos fazendo isso porque eu posso. Ninguém mais conseguiria fazer. Temos tarifas em vigor porque queremos tarifas e queremos que o dinheiro entre nos Estados Unidos”, declarou Trump, em fala que externou o poder unilateral de decisão dos EUA na política comercial.
A taxação foi oficializada por meio de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual Trump denunciou uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, citando o processo no STF e as decisões do Judiciário que atingem apoiadores do ex-presidente. A retaliação comercial entrou no contexto mais amplo da deterioração das relações entre os dois países e emplaca um ponto de inflexão no diálogo diplomático entre Brasília e Washington.
A tarifa de 50% começa a valer em 1º de agosto e incide sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, conforme comunicado oficial. A medida é o mais severo revés comercial sofrido pelo Brasil com os EUA em décadas.