CRISE DIPLOMÁTICA

Presidente do Paraguai cobra Lula por espionagem da Abin e exige esclarecimentos

Caso envolvendo alegado monitoramento ilegal de autoridades paraguaias travou negociações sobre Itaipu e abriu impasse bilateral.

Foto: RCP/Medea
Foto: RCP/Medea

O presidente do Paraguai, Santiago Peña (Partido Colorado), afirmou nesta quinta-feira (3) que externou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preocupação com a denúncia de espionagem da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) contra autoridades paraguaias. O tema foi abordado durante um encontro entre os dois líderes em Buenos Aires, onde participam da 66ª Cúpula do Mercosul.

Segundo Peña, o diálogo foi “franco e produtivo”, mas ele cobrou disposição do Brasil para esclarecer o episódio envolvendo a atuação da Abin em negociações sobre as tarifas de energia da hidrelétrica binacional de Itaipu. A agência teria conduzido uma operação de espionagem contra computadores de autoridades paraguaias. O caso abalou a confiança entre os países e paralisou a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que trata das bases financeiras da usina.

A denúncia foi revelada em reportagem do portal UOL. O governo Lula nega envolvimento na execução da operação e afirma que ela foi autorizada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tendo sido anulada em março de 2023. Apesar disso, o caso gerou crise diplomática, e o Paraguai suspendeu as negociações.

Durante o encontro com Lula, Peña também defendeu um “acordo justo e equilibrado” sobre Itaipu. A expectativa era de que o novo tratado fosse firmado até 30 de maio de 2025, mas o impasse permanece. Em abril, o governo paraguaio abriu investigação interna e exigiu explicações formais do Brasil.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já alertou que o Brasil poderá revisar a tarifa atual se o impasse persistir, o que aumentaria a tensão nas tratativas. Peña teme que uma nova tarifa desfavorável comprometa os interesses paraguaios.