INVESTIMENTOS

Nasdaq 100 fecha em nível recorde pela 1ª vez desde fevereiro

O Nasdaq 100 encerrou a terça-feira (24) no maior nível desde fevereiro, marcando uma virada expressiva após meses de volatilidade e incerteza. O índice, que é fortemente composto por empresas de tecnologia e crescimento, avançou 1,5%, fechando a 22.190,52 pontos. A recuperação foi impulsionada por fundamentos sólidos e pela redução das tensões entre Irã e Israel, que culminaram em um acordo de cessar-fogo.

A retomada do Nasdaq 100 representa uma reversão notável. Após atingir sua mínima em 8 de abril, o índice acumulou alta de 30%, superando o desempenho do S&P 500. Entre os destaques da recuperação estão empresas como Micron, Palantir e Microchip, que saltaram mais de 80% desde então.

Big techs e IA sustentam recuperação

O impulso do Nasdaq 100 se deve em grande parte aos resultados robustos das big techs, que tranquilizaram os investidores quanto à resiliência do setor, mesmo em meio a um cenário macroeconômico volátil. Tendências como inteligência artificial também continuam a atrair otimismo.

A Microsoft renovou recordes sucessivos, enquanto Broadcom, Oracle e Nvidia mostraram força renovada com base em avanços em IA. O Bloomberg Magnificent 7 Total Return Index subiu 0,8% na terça, embora ainda esteja 6% abaixo do pico de dezembro.

Para Dan Eye, diretor de investimentos da Fort Pitt Capital Group, os motores estruturais de crescimento seguem fortes. “Mesmo no auge da queda em abril, acreditávamos que a tecnologia lideraria a recuperação. E continua sendo o setor mais promissor no atual contexto”, afirmou.

Ambiente externo também favorece

A relativa estabilidade geopolítica, com cessar-fogo no Oriente Médio e sinais de redução tarifária nos EUA, também ajudou. A decisão de um tribunal federal permitindo que Donald Trump mantenha tarifas comerciais foi interpretada como menos disruptiva do que se esperava, fortalecendo a percepção de risco controlado.

A expressão “TACO trade” — “Trump Always Chickens Out” — ganhou força entre os analistas como forma de descrever a tendência de o ex-presidente recuar antes de aplicar tarifas agressivas. Isso trouxe alívio aos mercados e sustentou a alta do Nasdaq 100.

Apple e Tesla destoam

Apesar da forte performance geral, algumas empresas ainda enfrentam dificuldades. A Apple acumula queda de 20% em 2025, pressionada por atrasos em IA e questões geopolíticas. Já a Tesla tem sofrido com rebaixamentos, após confrontos entre Elon Musk e Trump, além de incertezas sobre a demanda global por veículos elétricos.

Michael Mullaney, da Boston Partners, avalia que, embora o mercado tenha reagido positivamente, ainda há certa complacência. Ele alerta que os riscos tarifários não desapareceram totalmente e que o crescimento global revisado pelo Banco Mundial indica que desafios estruturais continuam no radar.

Perspectiva de continuidade

Especialistas como Brian Belski, estrategista-chefe do BMO Capital Markets, apontam que a tendência positiva do Nasdaq 100 deve continuar pelos próximos 12 a 18 meses. Segundo ele, os fundamentos das empresas de tecnologia e a adoção acelerada da inteligência artificial são fatores que sustentam a projeção de desempenho superior frente aos demais índices.