O Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito para investigar supostas irregularidades em operações financeiras conduzidas pela XP Investimentos, uma das maiores corretoras do país. A apuração, revelada nesta segunda-feira (24), foca em operações envolvendo a estrutura de derivativos conhecida como “Collar com ativo UI”, utilizada como forma de proteção contra oscilações de mercado.
Segundo o MPF, o inquérito foi instaurado para aprofundar diligências e esclarecer se houve falhas na condução da oferta ou na comunicação de riscos aos investidores. O procurador da República Claudio Gheventer assina a ordem de investigação e ficará responsável por coordenar os trabalhos.
Apesar de a documentação oficial não detalhar quais seriam os problemas específicos atribuídos à corretora, o procedimento tem como objetivo verificar se a XP cometeu infrações no uso desse modelo estratégico, que combina a compra de opções de venda — proteção contra perdas — e a venda de opções de compra, o que limita os ganhos em caso de valorização dos ativos.
XP nega irregularidades
Em nota enviada à imprensa, a XP Investimentos classificou o caso como pontual e reforçou que trata o assunto com o devido rigor. A empresa destacou seu compromisso com práticas de governança e com o cumprimento das normas regulatórias vigentes no setor financeiro.
Embora o MPF não tenha revelado o número de investidores afetados ou o possível montante financeiro envolvido, reclamações relacionadas a essa estrutura de investimento foram registradas em sites de defesa do consumidor, indicando insatisfação de parte dos clientes com o desempenho ou os riscos do produto.
O modelo “Collar com ativo UI” é geralmente indicado para investidores qualificados, dada sua complexidade. Ele oferece proteção parcial contra quedas abruptas, mas limita os lucros, o que pode frustrar as expectativas de investidores que não compreendem completamente os riscos e os mecanismos envolvidos.
MPF avalia possíveis falhas de comunicação e transparência
O documento que embasa a investigação menciona a necessidade de aprofundar diligências para verificar se houve falhas por parte da corretora na transparência da oferta e na apresentação dos riscos associados à operação.
Até o momento, não há prazo definido para a conclusão da investigação, e o MPF não informou se pretende estender o procedimento a outras instituições do mercado financeiro. A depender do avanço das apurações, o inquérito pode resultar em ações civis públicas, sanções administrativas ou eventuais processos judiciais.