MEDIDAS CAUTELARES

Proibições de Moraes ameaçam atendimento médico a Bolsonaro

Representações diplomáticas em Brasília estão no caminho dos principais hospitais da capital federal; ex-presidente teria de traçar longo caminho para não descumprir ordem do STF.

Foto: Valter Campanato/ABr
Foto: Valter Campanato/ABr

A determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de se aproximar em um raio de 200 metros de qualquer embaixada ou consulado estrangeiro, impõe desafios concretos à sua rotina em Brasília — inclusive em situações emergenciais de saúde.

A capital do país concentra mais de 130 representações diplomáticas, de acordo com o governo do Distrito Federal, a maioria delas localizada na região central. Esse cenário torna praticamente inviável para Bolsonaro circular livremente pela cidade, sem esbarrar na restrição imposta pelo STF.

Residente nas proximidades do Jardim Botânico, Bolsonaro poderá encontrar dificuldades até mesmo para chegar a centros médicos ou hospitais caso venha a passar mal. No caso de necessidade urgente, a situação se agrava, pois o tempo de deslocamento pode ser comprometido por rotas alternativas obrigatórias que evitem a proximidade de embaixadas.

Dois dos principais hospitais privados de Brasília — o Daher e o Hospital Brasília — estão situados no Lago Sul, bairro nobre e vizinho ao local onde mora o ex-presidente. No entanto, essa mesma região abriga diversas representações diplomáticas, o que obriga a adoção de caminhos mais longos e complexos para não violar a ordem judicial.

Até mesmo o trajeto até o DF Star, hospital onde Bolsonaro costuma ser atendido em casos mais delicados, pode exigir desvios — embora ainda seja o destino mais viável. O percurso, normalmente de 20 minutos de carro, pode demandar cuidados redobrados para não transitar próximo a qualquer sede diplomática.

Nos últimos anos, Bolsonaro passou por diversos procedimentos médicos, a maioria deles relacionados à facada que sofreu em 2018, durante a corrida presidencial. Desde então, já foram realizadas dez cirurgias, sendo sete diretamente ligadas ao atentado ocorrido em Juiz de Fora (MG). A mais recente foi em abril deste ano, no próprio DF Star, onde permaneceu internado por 22 dias. Em junho, voltou ao hospital para exames, após sentir-se mal durante uma agenda em Goiás.

Com a nova determinação do STF em vigor, qualquer movimentação do ex-presidente em Brasília exigirá planejamento detalhado e extremo cuidado para evitar o risco de prisão por desobediência judicial. O cerco a ele se amplia, afetando não apenas sua articulação política, mas também sua logística pessoal e de saúde.