O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (4) a criação do programa Gás do Povo, em substituição ao Auxílio Gás. A nova política pública tem como meta atender 15,5 milhões de famílias registradas no Cadastro Único (CadÚnico), o que representa cerca de 50 milhões de pessoas. A iniciativa conta com orçamento de R$ 8,7 bilhões para 2026 e busca ampliar o apoio à população de baixa renda antes das eleições. Lula, de 79 anos, é cotado para disputar a reeleição.
O anúncio ocorreu no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, considerado o maior complexo de favelas da capital mineira. O evento teve a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado. A escolha da cidade tem conotação política: Silveira pode disputar o Senado em 2026, enquanto Pacheco é apontado como possível candidato ao governo de Minas Gerais. A cerimônia estava originalmente marcada para 5 de agosto, em Brasília, mas foi adiada.
Além do novo programa de gás, o governo anunciou a ampliação da Tarifa Social de Energia Elétrica, que garante gratuidade no consumo de até 80 kWh por mês para famílias de baixa renda. Segundo estimativas, cerca de 60 milhões de brasileiros serão beneficiados. Outra medida é o “desconto social”, voltado a famílias com renda entre meio e um salário mínimo per capita (até R$ 1.518) e consumo mensal de até 120 kWh. Este grupo será isento da cobrança da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), responsável por financiar subsídios do setor e que representa cerca de 12% da fatura.
Silveira teve passagem pelo Senado entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023, como suplente de Antonio Anastasia, que deixou o cargo ao assumir vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Tentou se eleger ao Senado em 2022, mas foi derrotado por Cleitinho Azevedo (Republicanos). Para disputar o pleito de 2026, Silveira precisará deixar o ministério até 4 de abril, conforme exige a legislação eleitoral.
Já Rodrigo Pacheco aparece com 32,6% das intenções de voto ao governo de Minas, segundo levantamento da AtlasIntel divulgado na sexta-feira (29). Ele está tecnicamente empatado com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que soma 30,1%. Ambos estão dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Nikolas é hoje um dos principais nomes da oposição no Congresso.
Minas Gerais é considerada estratégica para disputas presidenciais. No segundo turno de 2022, Lula teve 50,20% dos votos no estado, contra 49,80% de Jair Bolsonaro (PL). Em Belo Horizonte, o ex-presidente venceu com 54,25% contra 45,75% do petista. Nas eleições municipais de 2024, o desempenho do PT no estado foi desigual. Na capital, o partido ficou fora do segundo turno: o candidato Rogério Correia terminou em sexto lugar, com 4,37%. Ainda assim, a bancada petista na Câmara Municipal dobrou de duas para quatro cadeiras.
No interior, o PT manteve prefeituras importantes como Contagem, com Marília Campos reeleita com 60,68% dos votos, e Juiz de Fora, onde Margarida Salomão foi reeleita com 53,96%. Em contrapartida, perdeu espaço em Uberlândia, Montes Claros e Governador Valadares, onde candidatos de direita venceram ainda no primeiro turno.
O principal diferencial do Gás do Povo em relação ao modelo anterior está na forma de entrega: o benefício será concedido por meio do fornecimento direto dos botijões, sem repasse financeiro. A meta do governo é distribuir 65 milhões de unidades por ano, sendo 58 milhões já em 2026.
A logística será feita por meio de quatro canais: vale eletrônico pelo aplicativo do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, cartão do programa Gás do Povo, vale impresso nas agências da Caixa ou casas lotéricas, e o próprio cartão do Bolsa Família. O governo credenciará 58 mil pontos de retirada em todo o país.
A quantidade de botijões por família será definida com base no número de moradores:
• Famílias com duas pessoas: até 3 cargas por ano;
• Famílias com três pessoas: até 4 cargas por ano;
• Famílias com quatro ou mais pessoas: até 6 cargas por ano.
O programa não contempla pessoas que vivem sozinhas.