SUPREMO EM CRISE

Barroso estaria cogitando antecipar saída do STF

Presidente da Corte convive com um momento de fraturas silenciosas entre os ministros e, segundo portal, tem visto a sua capacidade de articulação institucional enfraquecida.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, segundo uma reportagem do Poder360 publicada nesta quarta-feira, tem dado sinais cada vez mais claros de desconforto com o ambiente interno da Corte. Às vésperas de passar o comando para Edson Fachin, em setembro, Barroso convive com um momento de fraturas silenciosas entre os ministros e vê sua capacidade de articulação institucional enfraquecida.

Nos bastidores, interlocutores relataram ao portal que o ministro se mostra frustrado com o protagonismo excessivo adquirido pelo STF — sobretudo pela centralização de poder nas mãos de Alexandre de Moraes, relator de diversos inquéritos sensíveis, incluindo o que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado.

Aos 67 anos, Barroso já cogita deixar o Supremo após encerrar sua presidência. O gesto não seria inédito, mas traria peso simbólico num momento em que parte da Corte se sente encurralada pela crise diplomática com os Estados Unidos e pelos efeitos internos das decisões contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Com forte ligação com o meio acadêmico norte-americano e passagens por Harvard, a família de Barroso mantém residência declarada em Miami. Agora, circula a informação de que seu visto de entrada já teria sido cancelado após o endurecimento do governo Trump contra membros do Judiciário brasileiro. A medida compromete não apenas suas viagens, mas também sua agenda acadêmica e pessoal no exterior.

Internamente, Barroso enfrentaria ainda um deslocamento funcional pouco confortável: ao deixar a presidência, ingressaria na 2ª Turma do Supremo e, ainda conforme o Poder360, o togado não tem afinidade consolidada com esses nomes. Estão no grupo Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Nunes Marques e André Mendonça. Fachin, hoje nesse colegiado, será o próximo a assumir a presidência da Corte.

Caso a saída de Barroso se concretize, caberá ao presidente Lula indicar mais um nome ao STF. Seria o terceiro ministro nomeado pelo petista em seu atual mandato, após as escolhas de Cristiano Zanin e Flávio Dino.