
Como noticiou o Conexão Política no domingo (29), a revista britânica The Economist publicou uma reportagem contundente contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apontando perda de prestígio do mandatário tanto no cenário internacional quanto dentro do país. Sob o título “A real nowhere man” — expressão que pode ser traduzida como “um verdadeiro homem de lugar nenhum” —, o texto sustenta que Lula conduz uma política externa incoerente e de baixa influência, ao mesmo tempo em que governa sem apoio popular.
A matéria afirma que o Brasil, sob o atual governo, tem se afastado das democracias ocidentais, adotando posturas alinhadas a regimes autoritários, como Irã, China e Rússia, especialmente no contexto do BRICS — bloco que o Brasil preside neste ano. Segundo a publicação, o Itamaraty tem tentado minimizar danos diplomáticos, evitando temas sensíveis na cúpula do grupo marcada para julho, no Rio de Janeiro.
Como exemplo desse afastamento do eixo democrático, a revista cita a condenação feita pelo Ministério das Relações Exteriores ao ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas. A nota oficial foi vista como um gesto de distanciamento das posições ocidentais e gerou críticas de setores da política internacional. A Economist também pontua que Lula tem evitado qualquer gesto de aproximação com o presidente americano Donald Trump, e preferido ampliar laços com a China.
Núcleo de Lula rechaça
Diante da repercussão, o governo brasileiro prepara uma carta de resposta à revista. O texto, assinado pelo chanceler Mauro Vieira, será encaminhado por meio da embaixada brasileira em Londres. A correspondência deverá defender a posição do Brasil em relação ao ataque ao Irã, reforçando os princípios históricos da diplomacia nacional: a defesa do direito internacional, da soberania dos Estados e do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos.
O Itamaraty também vai argumentar que ataques armados a estruturas nucleares representam riscos à população civil e ameaças de desastres ambientais em larga escala. No entanto, segundo fontes da diplomacia, a carta evitará comentar diretamente as críticas da revista quanto à relação com Trump ou à impopularidade de Lula.
Lula é alguém que parou no tempo, diz Economist
Internamente, The Economist descreve um presidente isolado politicamente. Segundo a revista, Lula não reconhece que o país mudou desde seus mandatos anteriores. A base tradicional do petismo — formada por sindicalistas, setores católicos progressistas e beneficiários de programas sociais — teria sido substituída por um novo perfil de eleitor, mais informal na economia e marcado pelo avanço da direita e do conservadorismo em todas as regiões do Brasil, impulsionado pelo crescimento da população evangélica.
A publicação ainda menciona a derrota do governo no Congresso com a revogação de um decreto que aumentava o IOF, tratando a questão como um revés político sem precedentes na carreira de Lula em mais de três décadas de vida pública. A crítica da Economist se soma às críticas de veículos internacionais como o Financial Times, o Wall Street Journal, o Washington Post e a Bloomberg, que têm exposto a má gestão econômica sob Lula e Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e denunciado os abusos e medidas consideradas inconstitucionais impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).