Em entrevista ao Estadão, o cofundador e presidente do Conselho de Administração da empresa de cosméticos Natura, Guilherme Leal, declarou voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição para a Presidência da República.
De acordo com ele, uma eventual reeleição de Jair Bolsonaro (PL) seria algo “perigoso para a democracia” porque “os elementos [de controle desse risco] que se tinham no Congresso ficaram tremendamente fragilizados com os resultados da eleição em 2 de outubro”, já que boa parte dos eleitos para a Câmara e o Senado são alinhados ao mandatário.
“Este quadro então me deixa muito preocupado com relação à democracia. Temos visto vários exemplos internacionais onde a democracia é erodida por dentro. Eu acho que um segundo mandato é perigoso”, declarou.
Engajado na pauta do meio ambiente, Guilherme Leal criticou o atual governo pela gestão do meio ambiente. Segundo ele, o Executivo federal anda em contramão às questões relacionadas ao cuidado da natureza.
“Eu acho que tem uma oportunidade fantástica para o Brasil, mas o país deixou de ser protagonista nos acordos climáticos para se tornar um pária. Isso pode nos tirar do bonde da história. Temos uma oportunidade única porque temos o melhor e mais importante capital natural do planeta. Podemos ser uma potência econômica, ambiental e agrária”, analisou.
“Por mais que o negacionismo imperasse, os satélites mostram como disparou o desmatamento. E o desmanche institucional do Ibama e de todos esses organismos que deveriam zelar pela preservação e pela aplicação das leis. Noventa por cento do desmatamento que nós temos é ilegal, isso está provado. A verdade é que esse governo desmanchou a estrutura que poderia fazer com que a lei fosse cumprida. A criminalidade hoje é um problema seríssimo na Amazônia”, completou.
Ainda na entrevista, o empresário destacou o papel de Lula em questões ambientais e acredita que a volta do petista ao Palácio do Planalto seria uma boa oportunidade para o Brasil retomar a credibilidade. “Lula tem chance de ser um líder mundial na questão ambiental”, opinou.