VOLTA AO BRASIL

Eduardo Bolsonaro sinaliza que pode renunciar ao mandato: ‘Vou me sacrificar para continuar lutando pelo Brasil’

Deputado licenciado diz que só retornaria ao país se não houvesse risco de prisão por ordens do Supremo Tribunal Federal.

Foto: ABr
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O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou que “muito provavelmente” abrirá mão de seu mandato parlamentar. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não pretende retornar ao país no atual cenário: “A minha data para voltar é quando [o ministro do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, disse.

Procurado pela Folha de S.Paulo, Eduardo externou que cogita deixar definitivamente o mandato: “Ainda tenho assessor meu dando inputs. Não consigo bater martelo se houver alternativa. O prazo acabará no fim de julho. Mas, se for necessário, eu não volto ao Brasil”.

A licença oficial de Eduardo termina na próxima semana. Ele está afastado desde março, quando decidiu permanecer nos Estados Unidos, alegando receio de prisão no Brasil, mesmo sem qualquer ordem judicial à época. O parlamentar afirmou que a decisão foi “a mais difícil da sua vida”.

Desde então, a Procuradoria-Geral da República pediu e obteve junto ao STF a abertura de inquérito contra o deputado. A PGR sustenta que Eduardo tem articulado, com apoio de empresários e aliados americanos, sanções contra membros do Supremo Tribunal Federal — em especial Alexandre de Moraes — e contra integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

De acordo com o órgão, as ações do deputado podem configurar crimes como coação, embaraço a investigação e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. Em despacho recente, Moraes prorrogou por mais 60 dias o inquérito, a pedido da Polícia Federal, que alegou haver diligências ainda pendentes.

Nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro manteve reuniões com autoridades da Casa Branca, do Departamento de Estado e com aliados próximos do presidente Donald Trump. A intenção, segundo apuração da imprensa, é sensibilizar o governo norte-americano sobre a atuação do STF brasileiro e reforçar a pressão externa.

A movimentação ocorre em meio à escalada de tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, agravada pela tarifa de 50% imposta pelo governo Trump às exportações brasileiras, medida que entra em vigor em 1º de agosto.

Na véspera da prorrogação do inquérito, Trump declarou que o Brasil estaria promovendo uma “coisa horrível” contra Jair Bolsonaro, a quem classificou como vítima de perseguição. A fala reforçou o clima de confronto entre o Planalto e a Casa Branca.

Eduardo mencionou ainda que pode haver uma alternativa legislativa para manter o mandato à distância. Ele citou a possibilidade de alteração no regimento da Câmara dos Deputados que permitiria, em casos “excepcionalíssimos”, o exercício remoto da função parlamentar.