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Imprensa adota narrativa de alta na popularidade de Lula e reporta que brasileiros aprovam embate com EUA

Veículos alinhados ao Planalto passam a publicar análises, reportagens e artigos de opinião que retratam o confronto com os Estados Unidos como positivo para o governo.

Foto: Marcelo Camargo/ABr
Foto: Marcelo Camargo/ABr

Como já antecipado pelo Conexão Política, a imprensa brasileira alinhada ao governo Lula passou a veicular, nos últimos dias, uma nova narrativa: a de que a popularidade do presidente está em ascensão e que o embate com os Estados Unidos, provocado pela imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros por parte do presidente Donald Trump, teria gerado uma onda de apoio interno ao Planalto.

Diversos veículos começaram a publicar análises e colunas reportando que o confronto diplomático — antes visto como prejudicial ao Brasil — estaria sendo interpretado positivamente pela população. Parte da imprensa agora apresenta Lula como um “líder firme”, que estaria “defendendo a soberania nacional” frente ao endurecimento da política comercial americana.

A construção dessa nova narrativa ocorre em meio ao agravamento da crise bilateral, que já resultou na substituição do adido militar brasileiro em Washington e na movimentação de setores empresariais em busca de diálogo com o governo norte-americano para tentar conter os impactos econômicos.

Ainda assim, os meios de comunicação simpáticos ao governo intensificaram a cobertura voltada à tentativa de projetar Lula como um estadista em enfrentamento direto com uma potência global.

A movimentação midiática sinaliza uma estratégia clara nas redações dos principais canais do país: usar a tensão internacional para reposicionar a imagem do presidente em meio à queda de popularidade registrada nos últimos meses.

Tudo isso tem passado pelo atrito com os EUA como uma disputa entre interesses nacionais e pressões estrangeiras, buscando projetar a imagem de Lula como defensor do Brasil — mesmo em um momento extremamente delicado, de alertas e curso dos EUA sobre os efeitos econômicos da crise, além do isolamento diplomático do país.