ELEIÇÕES 2026

Mercado financeiro surpreende governo e manda recado a Lula

Investidores falam em ‘grande arrependimento’, descartam reeleição do petista e antecipam apoio a nomes da direita para sucessão presidencial.

Foto: Marcelo Camargo/ABr
Foto: Marcelo Camargo/ABr

A relação entre o mercado financeiro e o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se deteriorou de vez. Investidores que apoiaram o retorno do petista ao Planalto em 2022 afirmam hoje estar arrependidos da escolha. “Não vejo mais ninguém no mercado defendendo Lula, a não ser os petistas de carteirinha. As pessoas acordaram e perceberam a besteira que fizeram”, declarou Octávio Magalhães, fundador e gestor da Guepardo Investimentos, com R$ 4,6 bilhões sob gestão.

O setor, que movimenta trilhões de reais por ano, agora concentra esforços em torno da eleição presidencial de 2026. O objetivo, segundo gestores, é encontrar um candidato competitivo que possa derrotar Lula. O nome mais lembrado é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ainda assim, sua possível tentativa de reeleição estadual e a dependência de sua ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) colocam incertezas sobre sua candidatura nacional.

Nesse vácuo, cresce no radar do mercado o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD). “Sem Tarcísio, Ratinho Junior se torna o candidato mais viável. Ele defende um Estado menor, menos impostos e privatizações, e tem mostrado resultados positivos no Paraná, como o crescimento do PIB e a atração de investimentos”, afirmou Magalhães.

Além da gestão no estado, Ratinho Junior é visto pelo mercado como político com boa capacidade de articulação e menor dependência de Bolsonaro. “Ele é jovem, carismático, habilidoso, e o fato de não dever nada ao Bolsonaro o torna um candidato capaz de fazer uma campanha menos polarizada”, disse Ricardo Lacerda, fundador do banco BR Partners, que administra R$ 18 bilhões.

Outro ponto que pesa a favor do governador é a popularidade do pai, o apresentador Ratinho, considerado um trunfo para ampliar a projeção nacional do político. “Ele pode se tornar conhecido rapidamente no país e o pai dele pode ajudá-lo principalmente nas classes C, D e E”, avaliou Lacerda.