A ascensão da política da incerteza
No Brasil do século XXI, governar deixou de ser apenas uma questão de planejamento e passou a envolver, cada vez mais, a habilidade de improvisar. Em meio a crises recorrentes, disputas institucionais e transformações digitais, políticos de diferentes espectros têm adotado o improviso como estratégia deliberada — seja em discursos inflamados, recuos calculados ou mudanças abruptas de posicionamento. Esse movimento marca uma virada na forma como a política se comunica com a população e revela muito sobre a relação entre poder e instabilidade.
Essa política da incerteza não é fruto apenas de despreparo ou falta de projeto, como muitos podem supor. Em muitos casos, ela é construída para gerar impacto, testar limites e provocar reações. O gesto impensado se transforma em manchete; o lapso vira símbolo de autenticidade. Nesse contexto, o político que improvisa não é visto como frágil, mas como alguém “espontâneo”, “verdadeiro” — atributos valorizados em tempos de desconfiança generalizada.
Quando o erro vira recurso
O improviso político brasileiro não se resume a gafes ou desvios de conduta. Muitas vezes, ele é empregado como método: mudar de ideia publicamente, soltar frases de efeito fora de hora ou surpreender aliados e adversários com posturas contraditórias. Isso gera desconforto, claro, mas também cria narrativas. Em um país onde a atenção do público é fragmentada e o ciclo de notícias é veloz, o improviso funciona como dispositivo de visibilidade.
É possível comparar essa dinâmica à lógica de jogos baseados em risco e reação.
Um exemplo curioso é o funcionamento do jogo Balloon, no qual o jogador precisa inflar um balão o máximo possível sem deixá-lo estourar. Quanto mais arrisca, maior o ganho — mas também maior a chance de perder tudo. A metáfora é válida: muitos políticos operam nesse equilíbrio instável, apostando no tensionamento da narrativa até o ponto máximo. Mais informações podem ser encontradas em: https://www.vbet.bet.br/pb/casino/game-view/400038644/balloon
O papel da mídia e das redes
O ambiente digital tem papel fundamental na valorização do improviso político. As redes sociais amplificam falas desconexas, recortes fora de contexto e posturas impulsivas. Isso cria um ecossistema de estímulo constante ao espetáculo e à reação imediata, dificultando o aprofundamento de debates.
Por outro lado, a mesma lógica que transforma o improviso em capital simbólico também pode engolir seus protagonistas. O público, embora fascinado por figuras espontâneas, é volátil. A mesma frase que viraliza positivamente num dia pode ser usada contra o autor no dia seguinte.
Além disso, o improviso reiterado fragiliza as instituições. Quando medidas são anunciadas sem embasamento técnico ou mudadas repentinamente, compromete-se a credibilidade de políticas públicas e desorganiza setores inteiros da sociedade. O improviso como tática tem seus limites — e o custo é coletivo.
Entre a flexibilidade e a irresponsabilidade
É importante não confundir improviso com capacidade de adaptação. Em cenários de crise, líderes flexíveis são capazes de reagir com rapidez e sensibilidade. Mas o que se observa no Brasil atual vai além da flexibilidade: trata-se de uma sistematização da imprevisibilidade como ferramenta de poder.
Essa estratégia tem consequências perigosas. Ao tornar o improviso uma norma, abre-se espaço para a naturalização de contradições, promessas não cumpridas e discursos conflitantes. A imprevisibilidade constante mina a confiança do eleitorado e aprofunda a polarização.
Por isso, é urgente distinguir entre improviso criativo — que responde a contextos inesperados com soluções práticas — e improviso populista, que usa o caos como palco para reforçar imagens pessoais ou desviar atenção de questões relevantes.
O que nos espera?
A persistência do improviso como arma política levanta uma pergunta fundamental: estamos dispostos a aceitar a instabilidade como regra? Ou desejamos um retorno à previsibilidade institucional e ao debate programático?
O desafio contemporâneo é encontrar um equilíbrio entre espontaneidade e responsabilidade, entre comunicação eficaz e compromisso com a verdade. A política, afinal, não deve ser um jogo de sorte — mas uma construção coletiva baseada em confiança, clareza e coerência.
O futuro da política brasileira dependerá, em parte, da nossa disposição em valorizar menos o improviso espetacular e mais a consistência que transforma ideias em ações concretas.