Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/PGR
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/PGR

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou nesta quarta-feira (15) a retomada do inquérito que apura se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou interferir na Polícia Federal durante seu mandato.

A investigação, iniciada em 2020 após declarações do então ministro Sergio Moro, estava parada desde maio de 2024, quando o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu manifestação da PGR sobre um pedido de arquivamento feito pela gestão anterior.

Gonet quer que a Polícia Federal reanalise os elementos já reunidos no caso e avalie se há conexões com a apuração sobre a chamada “Abin Paralela”, uma estrutura de espionagem ilegal supostamente criada durante o governo Bolsonaro.

A intenção é, segundo a PGR, verificar se houve tentativa de acesso a informações sigilosas ou interferência em investigações que envolviam o então presidente, seus familiares e aliados políticos.

Em junho, a PF apontou a participação de Bolsonaro em um esquema de espionagem ilegal na Abin, mas ele não foi indiciado naquele momento por já estar respondendo por crime de organização criminosa em outro processo, relacionado à suposta trama golpista. Bolsonaro foi condenado no STF no mês passado, e agora a PGR avalia se oferecerá denúncia contra ele e os 36 indiciados no caso da Abin.

A origem do inquérito remonta à denúncia feita por Moro em abril de 2020, quando deixou o Ministério da Justiça alegando que Bolsonaro queria interferir na PF. A investigação foi aberta contra ambos: Bolsonaro, por possível interferência, e Moro, por eventual denunciação caluniosa. Em 2022, a PF concluiu que não houve crime e, na sequência, a vice-procuradora Lindôra Araújo, da gestão de Augusto Aras, pediu o arquivamento do caso.

Agora, Gonet reverte essa posição. Segundo ele, as declarações de Moro apontam que a troca na direção da PF pode ter sido motivada pelo interesse de Bolsonaro em obter dados privilegiados. “Imprescindível, portanto, que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-Ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”, afirmou.

Com o novo posicionamento da PGR, cabe ao ministro Alexandre de Moraes decidir sobre a reabertura formal do inquérito.