O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), anunciou a formalização de acordos comerciais com sete países para a aplicação das novas tarifas que entram em vigor em 1º de agosto. As negociações envolveram concessões tarifárias em troca de investimentos diretos nos setores estratégicos da economia norte-americana. O Brasil, por outro lado, não obteve nenhum avanço relevante no diálogo com Washington.
Os países que fecharam acordos com os EUA são: União Europeia, Japão, China, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Reino Unido. Com isso, as tarifas para esses parceiros comerciais serão reduzidas em relação aos percentuais anunciados inicialmente. Os entendimentos foram construídos com base na troca de benefícios comerciais, aumento de importações de produtos dos EUA, acordos setoriais e investimentos bilionários em setores como energia, agricultura, tecnologia e defesa.
União Europeia
O bloco europeu firmou um acordo que prevê a compra de US$ 750 bilhões em energia dos EUA, além de investimentos adicionais de US$ 600 bilhões em outros produtos e setores estratégicos. Em troca, os países europeus terão tarifas reduzidas, embora os detalhes percentuais não tenham sido divulgados.
China
A chamada “guerra comercial” com a China foi encerrada com a redução das tarifas de 145% para 55%. O acordo prevê que a China forneça ímãs e terras raras aos EUA, enquanto os norte-americanos mantêm o acesso de estudantes chineses às universidades do país. O tratado ainda inclui tarifas de 10% impostas pelos chineses sobre alguns produtos dos EUA. A proposta ainda precisa de ratificação formal, mas foi classificada por Trump como “estratégica”.
Japão
As tarifas de 25% para produtos japoneses foram reduzidas para 15%. Em contrapartida, o Japão se comprometeu a investir US$ 550 bilhões nos EUA em setores como energia, semicondutores, defesa e agricultura. Também foi acertada a compra de 100 aeronaves Boeing e um aumento de 75% na importação de arroz. Produtos agrícolas como milho e soja também farão parte das compras japonesas.
Reino Unido
O acordo com o Reino Unido manteve as tarifas em 10%, mas com concessões específicas. Londres eliminará barreiras comerciais a produtos norte-americanos e os EUA suspenderão temporariamente tarifas sobre aço e alumínio britânicos, sob condição de cumprimento de cotas. Para o setor automotivo, as tarifas serão reduzidas para os primeiros 100 mil veículos, com alíquota de 25% aplicada a volumes excedentes.
Vietnã
As tarifas foram reduzidas de 46% para 20%, e o Vietnã eliminará todas as tarifas para produtos norte-americanos. O país também se comprometeu a não permitir o uso de suas rotas comerciais como alternativa para a evasão de tarifas de terceiros — especialmente da China, que poderia tentar contornar os acordos por meio do território vietnamita.
Indonésia
O governo dos EUA concordou em reduzir as tarifas de 32% para 19%, enquanto a Indonésia eliminará 99% das barreiras alfandegárias para produtos norte-americanos. O acordo inclui isenções a itens agrícolas e industriais. A Indonésia também prometeu respeitar normas trabalhistas e evitar práticas como o trabalho forçado.
Filipinas
Com alíquota ajustada de 20% para 19%, o país asiático aumentará a importação de soja e medicamentos dos EUA. Todos os impostos sobre produtos norte-americanos serão eliminados, embora os termos exatos ainda não tenham sido divulgados.
Brasil isolado
Enquanto os principais parceiros comerciais dos EUA conseguiram negociar condições favoráveis, o Brasil permanece sem acordo. A retórica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as falhas diplomáticas na reaproximação com o governo norte-americano e decisões judiciais recentes no país — especialmente do ministro Alexandre de Moraes — têm sido apontadas como fatores que dificultaram o diálogo.
O tarifaço de 50% contra produtos brasileiros está mantido e entrará em vigor em 1º de agosto, conforme já confirmado por Trump.