Foto: ABr
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O deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) foi citado como o principal beneficiário de propinas em planilhas apreendidas pela Polícia Federal durante a investigação de um esquema de fraudes em descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas do INSS.

Segundo a PF, o parlamentar era tratado como “herói” em documentos financeiros apreendidos e teria recebido pagamentos mensais de empresas controladas por Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado como operador financeiro da fraude. O objetivo dos repasses, segundo os investigadores, era assegurar proteção política à entidade associativa envolvida, impedindo fiscalizações e mantendo o convênio com o órgão previdenciário.

A apuração identificou transferências fracionadas a empresas ligadas ao deputado, coincidindo com a liberação de lotes de pagamento do INSS à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais). O valor total repassado ao parlamentar seria de pelo menos R$ 14 milhões.

Os investigadores também indicam que Pettersen intermediava reuniões entre a Conafer e o INSS, atuando como porta-voz político da confederação. A influência do deputado seria decisiva na manutenção da relação institucional, segundo mensagens interceptadas entre o operador do esquema e outros envolvidos.

A Polícia Federal chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal o monitoramento eletrônico do deputado e a fixação de uma fiança de R$ 14,7 milhões, valor correspondente ao montante recebido ilicitamente, segundo a investigação. No entanto, o ministro André Mendonça rejeitou os pedidos, alegando que tais medidas exigem cautela e que não há, até o momento, evidências de obstrução à apuração.

O empresário Cícero Marcelino aparece em mensagens tratando do repasse dos valores ao deputado com Vinícius Ramos da Cruz, presidente do ITT (Instituto Terra e Trabalho). Segundo os diálogos, os pagamentos ao parlamentar ocorreriam por meio de contas bancárias informadas diretamente por ele.

Na manhã desta quinta-feira (13), a Polícia Federal realizou buscas em endereços ligados a Pettersen. Em nota, o deputado declarou que já foi alvo de duas operações anteriores, sendo absolvido em uma delas e não denunciado na outra. Ele afirmou confiar na Justiça e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos.

“Deixo claro que apoio integralmente o trabalho das autoridades competentes e me coloco à inteira disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. Acredito na Justiça, na verdade e na importância das investigações sérias, conduzidas dentro da legalidade e com total transparência”, afirmou o parlamentar.