O advogado criminalista Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco, de 51 anos, foi encontrado morto em São Paulo na madrugada desta quarta-feira (1º). Pacheco estava desaparecido desde o dia 30 de setembro, quando um boletim de ocorrência foi registrado comunicando sua ausência.
Na madrugada seguinte, pouco após a meia-noite, equipes do Samu localizaram o defensor na rua Itambé, no bairro de Higienópolis, região central da capital paulista. Ele apresentava quadro de convulsões e dificuldades respiratórias. Sem documentos no momento do socorro, não foi identificado de imediato.
Atendimento e identificação
Conduzido à Santa Casa de São Paulo, Pacheco não resistiu e faleceu às 1h40 de quarta-feira (1º). Sua identidade só foi confirmada no dia seguinte, após exame de impressões digitais realizado pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD).
O caso foi registrado no 78º Distrito Policial, nos Jardins, inicialmente como morte súbita. A Polícia Civil abriu investigação para esclarecer as circunstâncias.
Notoriedade no Mensalão
Reconhecido no meio jurídico, Pacheco foi advogado de defesa do ex-presidente do PT José Genoino durante o julgamento do Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos casos de maior repercussão de sua carreira ocorreu em 2014, quando foi retirado do plenário pelo então presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, após protestar contra a demora na análise de um recurso.
Além da atuação em processos de grande repercussão, ocupou cargos institucionais: foi diretor da OAB-SP, membro do Conselho Federal da Ordem, presidente de comissão durante a gestão de Patrícia Vanzolini, e também integrou o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD). Foi ainda um dos fundadores do grupo Prerrogativas, um dos maiores escritórios progressistas de influência no meio jurídico.
Homenagens
O presidente do Conselho Federal da OAB, Beto Simonetti, afirmou que ele “sempre exerceu a advocacia com firmeza, seriedade e respeito às instituições”. O presidente da OAB-SP, Leonardo Sica, disse que a entidade perdeu “um amigo ímpar e um guerreiro do bem”.
O advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Prerrogativas, declarou que “foi um dos advogados mais respeitados do país, combativo, sensível, generoso, solidário”. A OAB paulista decretou três dias de luto oficial.
Lideranças públicas também se manifestaram. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, classificou a morte como “triste notícia da perda de um advogado de trajetória brilhante”. O juiz e escritor Marcelo Semer destacou: “Grande figura, combativo e divertido. Vá em paz”.
Circunstâncias sob investigação
Embora os primeiros registros indiquem morte súbita, a Polícia Civil apura outras hipóteses. Laudos de necropsia e exames toxicológicos devem esclarecer se houve intoxicação, condição médica ou outro fator envolvido.
Segundo relatos de bastidores, dados atribuídos a Pacheco teriam sido enviados a conhecidos mencionando ingestão de metanol, substância tóxica presente em bebidas adulteradas. Essa linha de apuração, porém, ainda não foi confirmada oficialmente e segue sob análise pericial.
Ponto de incerteza
Até o momento, não há elementos que associem a morte ao exercício da profissão, apesar da trajetória de Pacheco em casos de forte repercussão política e institucional. O inquérito deve apontar as circunstâncias de onde ele esteve antes do colapso, se houve ingestão de substância nociva e se terceiros podem ter responsabilidade.