SAÚDE INFANTIL

Brasil volta à lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas, diz relatório da OMS e Unicef

País ocupa a 17ª posição global após aumento de crianças sem a 1ª dose da DTP; México lidera ranking na América Latina.

Foto: ONU/USA
Foto: ONU/USA

O Brasil voltou a ocupar os 20 países com maior número de crianças não vacinadas no mundo, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (16) pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde), com base em dados de 2024. O país havia deixado o ranking no ano anterior após avanços na cobertura vacinal, mas retornou com piora no desempenho e ocupa agora a 17ª posição.

Em 2024, cerca de 229 mil crianças brasileiras não receberam nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana (DTP), administrada no país na forma da vacina pentavalente pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações). O imunizante protege contra difteria, tétano e coqueluche. No ano anterior, o número era de 103 mil crianças. A ausência da primeira dose da DTP classifica a criança como “zero dose”, o que indica que ela não recebeu qualquer tipo de vacina de rotina.

A DTP é considerada pela OMS um dos principais indicadores de acesso à imunização básica. Na América Latina, apenas o México registrou um número absoluto maior de crianças não vacinadas, com 341 mil casos. No cenário global, o Brasil aparece atrás de países como Mianmar, Costa do Marfim e Camarões.

De acordo com o levantamento, em 2024, 89% das crianças no mundo — o equivalente a cerca de 115 milhões — receberam ao menos uma dose da DTP, e 85% (aproximadamente 109 milhões) completaram as três doses do esquema vacinal. Em relação ao ano anterior, 171 mil crianças a mais receberam pelo menos uma dose, e 1 milhão a mais concluíram o esquema vacinal completo.

Ao todo, cerca de 14,3 milhões de crianças permanecem sem nenhuma dose de vacina, enquanto outras 5,7 milhões foram apenas parcialmente imunizadas. O relatório também aponta que, em 2024, nenhuma das 17 vacinas monitoradas atingiu a meta mínima de 90% de cobertura estabelecida como referência internacional. Entre os motivos para a persistência de lacunas vacinais são listados no documento a falta de acesso aos serviços de saúde, desigualdades territoriais, conflitos armados, instabilidade política e o avanço da desinformação sobre vacinas.