Dentre os círculos mais prestigiados da pedagogia, se perguntarmos qual é um dos principais objetivos da educação – tirando a baboseira da socialização –, todos responderão que é a criação de um senso crítico nos estudantes. Interessantemente, estes mesmos educadores, adoradores de Paulo Freire e de seus pares internacionais, têm entregado ao Brasil uma taxa de analfabetismo funcional de 98,4% (considerando apenas os proficientes como efetivamente alfabetizados). Vê-se, portanto, que o problema não está no objetivo, mas no método.
Educar mentes vai além de informar sobre conceitos científicos e métodos. O verdadeiro processo de ensino-aprendizagem está relacionado formação integral do ser. Nisto se diferencia a educação clássica da educação humanista e relativista moderna: busca-se formar uma disposição de julgamento clássica, dando aos estudantes ferramentas que são adquiridas ao longo de toda sua formação erudita. Esta capacidade de discernimento não se adquire tal qual uma simples habilidade manual, todavia é construída no ser a partir da leitura dos clássicos e da formação nas Sete Artes Liberais, provendo a ampliação da consciência existencial do aluno. Ou seja, educar de maneira cristã e clássica é inclinar o espírito para se analisar com destreza o mundo que nos cerca.
As Fake News, ironicamente, são as falsas informações que surgem na Era da Informação. A grande mídia, com suas campanhas de nos convencerem o que seja fato e o que seja fake, falaciosamente nos compele à ideia de que as notícias mentirosas só são combatidas com mais informação. Entretanto, como dito na 1ª parte deste artigo, mentira só pode ser combatida com a Verdade. Não só por serem antônimos entre si, mas porque esta é qualitativa e aquela é quantitativa. O ministro da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, cunhou a celebre frase: “uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”, mostrando como a mentira precisa de volume de repetição para ser aceita, enquanto a verdade, por sua qualidade inata, uma vez dita se torna suficiente para se estabelecer.
A verdade tem em si a capacidade de libertação (c.f. João 8:32). Ora, sendo Jesus Cristo a personificação da verdade (c.f. João 14:6) e tendo Ele se revelado como Verdade e Logos de Deus através das Santas Escrituras (c.f. João 17:17), somente uma educação que parta de uma cosmovisão bíblica cristã, unida à pedagogia clássica, poderá ser o antídoto para as mentiras. A pedagogia cristã clássica se propõe, centrado na Palavra de Deus, a fornecer dispositivos ao educando de discernir a verdade da mentira, sabendo suas fontes e origens. Ao trabalhar Gramática, Lógica e Retórica, não munimos os alunos somente com senso crítico para diferenciar notícias falsas de verdadeiras, mas também para distinguir falsas filosofias, falsos caráteres e falsas cosmovisões das verdades das Escrituras.
Fica evidente, portanto, que somente uma educação clássica e cristocêntrica formará uma geração de cristãos piedosos que, providos das ferramentas da aprendizagem e de uma visão de mundo bíblica, defenderão a verdade tal qual arautos do Rei – que é a verdade, o caminho e a vida. Em favor da verdade, defendemos nosso modelo pedagógico para combater aqueles que “odeiam aquele que defende a justiça no tribunal e detestam aquele que conta a verdade” (Amós 5:10).