
Hoje eu vou te ensinar como ser o novo Nikolas Ferreira. Sério. O segredo está aí, escancarado, mas você não viu porque estava ocupado demais se comparando com o engajamento alheio ou reclamando do algoritmo.
E, pra começar, eu preciso te contar sobre um dos momentos mais fascinantes do comportamento humano moderno: o instante exato em que um avião aterrissa. Ele pousa, freia, para. E, imediatamente, um bando de gente levanta. Em sincronia. Mesmo sabendo que a porta não vai abrir antes dos próximos dez minutos.
É um fenômeno. Um ritual coletivo de desconforto voluntário. Ninguém sabe por que levanta, mas todos levantam. E ficam ali. Em pé, suando, esmagados no corredor. Esperando algo que já sabem que vai demorar. Mas o que importa não é a lógica — é o reflexo. A repetição. O movimento do outro. A reação em massa.
A verdade é que o ser humano não aguenta estar parado quando todo mundo parece estar se movendo. A ansiedade de parecer inerte consome qualquer razão. E isso, meu amigo, é o coração do comportamento de massa. É o fundamento do marketing moderno. É o algoritmo da vida. É a chave da viralização.
Quer ver outro exemplo? Você está numa fila que não anda. Já pensou em desistir. Mas aí, alguém chega atrás de você. E, de repente, você fica. A simples presença de outro ser humano validando aquela espera te convence a continuar. Não porque a fila anda. Mas porque agora você não está mais sozinho nela.
Esse é o poder da repetição. Da massa. Do efeito manada. E é aqui que entra o Nikolas Ferreira.
Ele é, sem dúvida, um dos maiores fenômenos políticos digitais do Brasil. Seus vídeos ultrapassam milhões de visualizações. Ele arrasta multidões. Ele não apenas aparece — ele move. Move afetos, raivas, paixões. E tudo isso sem recorrer a uma única fórmula secreta de tráfego pago ou curso online.
Ele simplesmente entendeu o que a maioria ignora: que as pessoas seguem movimentos, não discursos. Nikolas criou o ambiente. Gerou a movimentação. Virou a pessoa “na frente da fila”. E agora, milhões seguem, mesmo sem saber por quê.
Só que tem um detalhe importante aqui: você não é o Nikolas Ferreira. E tudo bem. Aliás, esse é o ponto. A maioria dos políticos, comunicadores e influenciadores vive uma angústia crônica por não ter o alcance do Nikolas. Querem os milhões de views. O viral. O aplauso em praça pública. Mas não fazem ideia do custo.
Porque esse jogo tem preço. E, pior: tem distorção de realidade. Hoje, as pessoas perderam completamente a noção de escala. Acham pouco quando um vídeo tem cinco mil visualizações. Mas cinco mil pessoas numa sala é uma multidão. É um estádio pequeno lotado. É um auditório rugindo. Mas, como o número está na tela, e não na carne, parece pouco.
Você já percebeu o quanto nos tornamos escravos de telas? De algoritmos que decidem se você é digno de atenção? Você posta, espera, atualiza… e sofre. Vira funcionário não remunerado de uma máquina que nunca te prometeu nada. E é aí que mora o perigo.
Porque, pra agradar o algoritmo, você começa a matar quem você é. A dizer o que não pensa. A gravar o que não sente. A virar personagem de um teatro que nem é seu. Você perde autenticidade. E, na tentativa de viralizar como o Nikolas, vira só mais um que levanta do banco do avião sem saber por quê.
Então, se você quer um conselho de verdade — aqui vai: não tente ser o Nikolas. Entenda o que faz as pessoas se moverem. Não mire no viral. Mire na construção. Seja aquele que começa o movimento. Mesmo que ninguém veja de início. Porque todo movimento começa pequeno. Mas é constante, coerente e consciente.
Estude gente. Estude comportamento. Entenda que pessoas não se engajam com ideias perfeitas, mas com emoções reais. E que toda fila começa com alguém parado — e outro atrás.
A próxima eleição, a próxima campanha, o próximo movimento não será vencido por quem grita mais, mas por quem entende melhor. Quem sabe onde está o ser humano por trás da tela. Quem respeita os cinco mil. Quem honra os cinquenta. E quem se recusa a virar mais um boneco no feed do dia.