Ações do UBS Group AG caem após anunciar compra do Credit Suisse

Por volta das 6h da manhã desta segunda-feira, 20 de março, no horário de Brasília, os papéis do UBS Group AG recuavam cerca de 10%. O declínio ocorre um dia após o banco anunciar a aquisição do Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões.

Por consequência, as ações do UBS chegaram a cair 16% no início do pregão. Já é, portanto, a maior queda registrada em um dia desde 2008

As ações do Credit, por sua vez, caíam mais de 60% por volta do mesmo horário.

Como de praxe, fusões e aquisições como essa, que envolvem a UBS e o Credit, não costumam ser bem vistas por investidores, especialmente por falta de certeza em torno de questões que envolvem o período de operação e o retorno financeiro.

O CEO da UBS, Ralph Hamers, acredita que a solução encontrada para o Credit Suisse em conjunto com as autoridades suíças contribui para defender a reputação da Suíça como centro financeiro.

— A aquisição significa que estamos devolvendo estabilidade e segurança aos clientes do Credit Suisse. Mas também que defendemos a reputação do centro financeiro suíço — disse Hamers à estação de rádio pública SRF.

O fala do executivo sênior da UBS foi externada nesta segunda. Ele enfatizou ainda que existe uma “cultura diferente” no que diz respeito ao risco entre as duas entidades. Com isso, Hamers valorizou a importância de transformar o negócio bancário de investimento do Credit Suisse em um “banco de investimento leve”, como a UBS fez. “Não corremos tanto risco”, frisou o gerente.

— Estamos a construir um UBS maior com menos risco. Mesmo após a fusão, temos um bom índice de capital e um quadro de apoio do Banco Nacional — reiterou.

Para o especialista Igor Müller de Moraes, investidores se articularam diante das negociações, atuando para enquadrar os preços. Tal movimentação impactou diretamente na queda de 10% do UBS.

“Começamos a semana com essa notícia. Vale mencionar que o Credit Suisse fechou suas ações na sexta-feira (17) valendo por volta de US$ 8 bilhões, ou seja, houve um deságio de aproximadamente 60%. Os investidores, logo na abertura das negociações, buscaram ajustar os preços e, com isso, vimos o UBS negociar com uma queda de 10%, enquanto o Credit Suisse afundava seus 60%”, explicou.

Gestor de recursos habilitado na CVM — Comissão de Valores Mobiliários — com as certificações CFG, CGA e CGE, Igor Müller, avalia que, “muitas vezes, nesses eventos de M&A (fusões e aquisições), tem-se o desdobramento de que o valor da empresa compradora sofra uma queda considerável e, com isso, a empresa adquirida tenha uma valorização. O resultado acontece, visto que a empresa compradora paga um prêmio acima do valor pela empresa adquirida. No entanto, o que vimos nesse caso foi uma aquisição de emergência — sem muito tempo para o UBS analisar mais a fundo os problemas e a real situação do Credit Suisse — com um grande deságio no preço da empresa adquirida. O exato cenário foi descrito na fala do comandante do UBS, quando disse que “esta aquisição é atraente para os acionistas do UBS”. No entanto, ainda conforme o presidente, “no que diz respeito ao Credit, este é um resgate de emergência”.

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