Executivo

"Não estou saindo por incompetência; estou saindo porque tive divergência com um ministro", diz Marcelo Álvaro Antônio

Foi publicada na madrugada desta quinta-feira (10), no Diário Oficial da União (DOU), a exoneração de Marcelo Álvaro Antônio do cargo de ministro do Turismo.

No mesmo ato, foi oficializada a nomeação de Gilson Machado, que ocupará o posto a partir de agora.

Em publicação nas redes sociais, Álvaro Antônio agradeceu ao chefe do Executivo.

“Encerro hoje a minha passagem pelo Ministério do Turismo e a única coisa que posso dizer é MUITO OBRIGADO. Agradecer primeiramente a Deus; ao meu amigo e irmão, presidente Jair Bolsonaro, pela oportunidade de integrar o melhor governo da história do Brasil, servidores, ministros”, escreveu.

“Por fim, reitero meu compromisso de seguir trabalhando com ética, respeito e lealdade ao presidente Jair Bolsonaro e ao meu amado Brasil!”, finalizou.

Deputado federal mais votado por Minas Gerais em 2018, com 230.008 votos, o agora ex-ministro deve voltar à Câmara dos Deputados.

Na noite desta última quarta-feira (10), durante confraternização com servidores do ministério, ele disse que deixa o cargo ‘de cabeça erguida’.

“Eu espero que todos vocês [servidores] fiquem no Ministério do Turismo. Mas eu não estou saindo por incompetência, não estou saindo por escândalo. Eu só estou saindo porque eu tive uma certa divergência com um ministro e me excedi em algum momento também na minha fala, reconheço, mas eu saio de cabeça erguida”, declarou.

OS BASTIDORES DA SAÍDA

Conforme adiantado pelo Conexão Política, o motivo da demissão de Álvaro Antônio diz respeito a uma discussão em um grupo de WhatsApp que envolve o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.

O ex-ministro teria dito que o chefe da Segov estaria “entregando tudo” ao centrão, inclusive o próprio MTur, com o objetivo de negociar apoio na eleição para a Presidência da Câmara.

Na mensagem, Álvaro Antônio teria chamado Ramos de “traíra” e dito que o general esconde de Bolsonaro o “altíssimo preço” que o governo tem pago por “aprovações insignificantes” no Congresso Nacional.

ENTENDA O IMBRÓGLIO

O ex-ministro do Turismo fazia parte do grupo de civis e fiscalistas do governo, todos alinhados ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em comum, eles defendem a preservação do teto de gastos, as reformas estruturantes e o ajuste fiscal, conforme preconiza o ideal liberal.

Somado a Guedes, o grupo é representado principalmente pelos ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central [cargo que possui status de ministro], além de Filipe Martins, chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência.

A queda de Marcelo Álvaro Antônio representa uma vitória dos militares e desenvolvimentistas, que são os generais com cargo no Executivo, apontados como autores das articulações com o centrão, representados principalmente nas figuras de Walter Braga Netto, da Casa Civil, o próprio Luiz Ramos, da Secretaria de Governo, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional.

Em comum, eles defendem a indução da atividade econômica pelo Estado e aumento dos investimentos públicos, principalmente em obras.