A China iniciou a construção da maior hidrelétrica do planeta, um projeto monumental que promete aquecer a economia do país e mudar o cenário energético global.
A megaestrutura será erguida no extremo leste do Planalto Tibetano, perto da fronteira com Butão e Nepal, e exigirá um investimento estimado de US$ 170 bilhões. Composta por cinco usinas em cascata, a planta terá capacidade para gerar 300 bilhões de kWh por ano — o equivalente a toda a energia consumida no Reino Unido em 2024.
Três vezes maior que Três Gargantas
O projeto supera com folga a hidrelétrica de Três Gargantas, hoje a maior do mundo e símbolo do poderio chinês em engenharia. A nova planta terá capacidade três vezes maior e foi descrita pelo primeiro-ministro Li Qiang como “o projeto do século” durante a cerimônia de início das obras no último sábado (29.jun).
A hidrelétrica será construída no rio Yarlung Tsangpo, que percorre 2.900 km nascendo no Himalaia e atravessando o cânion mais profundo da Terra. Em alguns trechos, o rio despenca 2.000 metros de altitude em apenas 50 km, o que oferece enorme potencial para geração de energia.
Quando entra na Índia e em Bangladesh, o Yarlung Tsangpo se transforma no rio Brahmaputra, uma fonte vital de água e agricultura para milhões de pessoas nos dois países.
Preocupações geopolíticas e ambientais
O anúncio do projeto acendeu alertas em Nova Délhi e Daca. O governo indiano afirmou em janeiro que “monitorará e tomará medidas para proteger nossos interesses”, temendo que Pequim possa manipular o fluxo do rio em momentos de tensão política, provocando enchentes ou secas artificiais.
ONGs ambientalistas também demonstraram preocupação com o possível impacto sobre o ecossistema local.
Em resposta, Pequim garantiu que a barragem “não terá impactos negativos” para os países rio abaixo e prometeu manter diálogo constante com as nações afetadas.
Impacto econômico bilionário
Além de seu impacto geopolítico e ambiental, o projeto é visto como um motor para o crescimento econômico da China. Segundo o Citi, o investimento pode adicionar cerca de US$ 16,7 bilhões ao PIB chinês por ano ao longo dos 10 anos previstos para a construção, com potencial de benefícios ainda maiores para setores ligados à infraestrutura e energia.
A hidrelétrica faz parte do 14º Plano Quinquenal da China e obteve aprovação final em 2024, após anos de planejamento e negociações.