A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil oficializou, em cerimônia reservada, a posse de seu novo adido de defesa em Brasília. O militar norte-americano, segundo informações da revista Veja, não fala português nem tem familiaridade com o Brasil, e a solenidade ocorreu sem a presença de qualquer autoridade militar brasileira.
A ausência de convite ao Ministério da Defesa foi interpretada por interlocutores da pasta como mais uma demonstração do enfraquecimento das relações bilaterais na área militar. Para integrantes do governo, a escolha de um oficial sem experiência prévia com o Brasil e a condução da cerimônia sem interlocução com as Forças Armadas locais escancaram um distanciamento deliberado de Washington.
O gesto ocorre em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre os dois países, impulsionado pela tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano) sobre os produtos brasileiros. Embora o governo brasileiro tenha evitado retaliações imediatas, o clima nos bastidores das Forças Armadas é de apreensão.
Segundo fontes da Defesa ouvidas, o temor é que o endurecimento já observado no campo comercial se estenda para o setor de cooperação militar. Desde a Segunda Guerra Mundial, Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação estratégica de troca de tecnologias, treinamentos e inteligência — uma colaboração que pode ser prejudicada se o afastamento se consolidar.
Aliados de Trump vêm defendendo publicamente a imposição de sanções individuais contra autoridades brasileiras, com foco especial no Supremo Tribunal Federal (STF). Alexandre de Moraes, atual ministro da Corte, figura entre os principais alvos das críticas de parlamentares republicanos nos EUA, o que eleva a possibilidade de medidas mais drásticas caso as tensões evoluam no plano diplomático.