CORRIDA ARMAMENTISTA

Otan eleva exigência e estabelece gasto mínimo de 5% do PIB em defesa militar

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estabeleceu, nesta segunda-feira (24), que os países-membros deverão destinar no mínimo 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para gastos militares. A decisão, anunciada durante a cúpula da entidade em Haia, na Holanda, representa uma guinada estratégica na política de defesa coletiva da aliança.

O novo patamar de investimento visa reforçar a capacidade militar da Otan diante da crescente ameaça representada pela Rússia e também reflete a pressão direta dos Estados Unidos, especialmente desde o retorno de Donald Trump à presidência em janeiro de 2025.

Decisão amplia padrão atual de financiamento militar

O anúncio foi feito pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, logo no primeiro dia do encontro. Segundo ele, o plano representa um “salto gigantesco” em relação ao atual cenário, no qual a maioria dos 32 países-membros investe entre 2% e 3,5% do PIB em defesa. Agora, a meta mínima será de 5%, sem exceções, embora alguns países tenham pedido mais tempo para adequação.

Rutte destacou que essa elevação é fundamental para que a aliança possa “ganhar a guerra de produção militar contra a Rússia”. Ele alertou: “É impensável que um país com economia 10 vezes menor consiga nos superar em poder de fogo”.

Europa é chamada a abandonar a zona de conforto

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que “a Europa finalmente despertou militarmente”. Segundo ela, a mudança exige uma nova mentalidade dos líderes europeus: “Precisamos sair da zona de conforto e integrar tecnologia, indústria civil e defesa, dentro e fora da Europa”.

Von der Leyen também alertou que a Rússia poderá testar os compromissos da Otan nos próximos cinco anos, o que torna urgente a adoção de um novo modelo de dissuasão eficaz até 2030.

Investimentos bilionários e foco em defesa aérea

Durante a cúpula, ficou decidido que os países-membros vão quintuplicar os investimentos em defesa antiaérea, em resposta aos ataques aéreos russos à Ucrânia. Apenas em 2025, mais de 35 bilhões de euros (aproximadamente R$ 221 bilhões) serão destinados como ajuda militar à Ucrânia.

A Alemanha, por exemplo, planeja ampliar seu orçamento de defesa para 3,5% do PIB até 2029, acima dos atuais 2,4%. A Espanha, embora inicialmente tenha pedido flexibilidade, confirmou apoio à nova meta. Já o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, declarou que seu país manterá autonomia sobre o ritmo de implementação.

Rússia critica “militarização desenfreada” da Otan

A reação do Kremlin foi imediata. Dmitry Peskov, porta-voz da presidência russa, condenou a decisão da aliança, classificando-a como um “movimento rumo à militarização desenfreada”. Para Moscou, a Otan é uma organização voltada ao confronto, não à paz.

Enquanto isso, líderes da aliança reforçam o discurso de dissuasão e preparação estratégica. “Caso a Rússia nos ataque hoje, nossa resposta será devastadora”, afirmou Rutte, enfatizando que o novo plano é uma “base histórica e essencial” para garantir o futuro da segurança europeia.