Judiciário

Rede Globo e Drauzio Varella deverão pagar R$ 150 mil a pai de menino assassinado

Juíza entendeu que reportagem do 'Fantástico' causou desassossego e aflição à família de criança morta pela transexual 'Suzy'.

A Rede Globo e o médico Drauzio Varella foram condenados, em primeira instância, a pagar uma indenização por danos morais na ordem de R$ 150 mil.

A ação de reparação foi ajuizada pelo pai de um menino brutalmente estuprado e assassinado por ‘Suzy’, uma transexual que apareceu em uma reportagem da emissora.

Na época, a matéria veiculada pelo ‘Fantástico’ apresentou a detenta como alguém que estaria há mais de oito anos sem receber qualquer visita na penitenciária.

O que a Rede Globo não contou ao telespectador é que ‘Suzy’, cujo nome de batismo é Rafael Tadeu de Oliveira Santos, cumpre pena por estuprar, estrangular e esconder o cadáver de Fábio dos Santos Lemos, de 9 anos.

Na petição inicial, o pai do garoto argumenta que, após a exibição da reportagem, ‘Suzy’ recebeu “piedade social”, enquanto que ele sofreu novo abalo psicológico por reviver os fatos trágicos que aconteceram em sua vida.

Ao deliberar sobre o caso, a juíza Regina de Oliveira Marques, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), considerou que a Globo foi negligente, ao não ter tido o “discernimento de procurar conhecer os crimes cometidos por seus entrevistados”.

Ainda de acordo com a magistrada, o conteúdo propagado pela emissora causou “desassossego do autor e situação aflitiva com implicação psíquica”.

“Qualquer expectador foi induzido erroneamente a acreditar que os entrevistados seriam meras vítimas sociais, devendo ser ressaltado que, mesmo se tratando os entrevistados de autores de crimes contra o patrimônio e sua sexualidade, não implicaria em serem assim tratados, já que perniciosos à sociedade como um todo”, escreveu a juíza.

Por meio de sua filha, Drauzio Varella informou que não se pronunciará sobre a decisão judicial. A TV Globo foi consultada, mas ainda não se manifestou. Cabe recurso.