O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda oferecer três cargos na diretoria dos Correios ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em meio às negociações políticas que envolvem a escolha do próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A movimentação ocorre no momento em que a estatal enfrenta uma grave crise financeira e passa por uma série de mudanças em sua estrutura interna.
Segundo fontes ligadas ao governo, os postos na diretoria da empresa fariam parte de um “pacote de compensações” oferecido por Lula a Alcolumbre, O presidente do Senado tenta emplacar o nome do colega Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na vaga deixada por Luís Roberto Barroso, após sua aposentadoria antecipada.
A estratégia do Planalto seria ceder espaço político nos Correios como forma de amenizar pressões e garantir apoio à indicação preferida de Lula: o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, considerado braço direito do petista e adepto às ideia de esquerda defendidas pelo governo.
Nos bastidores, o presidente Lula tem reiterado a aliados que não pretende recuar da escolha de Messias, mas reconhece que precisará do aval de Alcolumbre, responsável por conduzir a sabatina no Senado e por articular a base para aprovar a indicação.
A movimentação ocorre em meio a uma fase delicada para os Correios. Nesta última quarta-feira (15), a estatal confirmou que recorrerá a um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a bancos públicos e privados, com garantia do Tesouro Nacional, para cobrir o déficit e equilibrar as contas em 2025 e 2026.
Há cerca de um mês, o economista Emmanoel Schmidt Rondon, ex-funcionário do Banco do Brasil, assumiu a presidência da estatal com a missão de reverter a crise financeira. Desde então, a troca de comando se estende às diretorias, e a expectativa é de que ao menos três delas sejam ocupadas por novos indicados políticos.
De acordo com interlocutores do governo, Juliana Picoli Agatte, diretora de Governança e Estratégia, já foi destituída do cargo. A gestora teria sido nomeada por influência do presidente nacional do PT, Edinho Silva. Outras duas diretorias também devem passar por mudanças: a de Operações, atualmente sob indicação da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), e a de Gestão de Pessoas, ligada ao União Brasil.
A articulação prevê ainda que a Diretoria de Administração seja entregue a um nome indicado por Alcolumbre, consolidando o acerto político entre o Planalto e o Senado. Caso o acordo se confirme, Lula busca, em troca, um ambiente favorável à aprovação de seu escolhido para o STF.