
A indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como nome do PL para a disputa presidencial de 2026 provocou forte reação no cenário político e expôs diversas opiniões. Enquanto partidos alinhados ao governo classificaram o movimento como esperado, lideranças mais à direita dividiram opiniões sobre a escolha.
Flávio tornou pública a indicação nesta sexta-feira (5), afirmando nas redes sociais que recebeu do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a tarefa de “manter vivo” o projeto político defendido pela direita nos últimos anos. Ele descreveu a missão como uma “grande responsabilidade”.
A movimentação ocorre enquanto Jair Bolsonaro permanece preso na sede da Polícia Federal, em Brasília, desde meados de novembro, após condenação a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Impedido de concorrer, o ex-presidente apontou o filho mais velho como alternativa para liderar sua base no pleito.
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o anúncio já era esperado e declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será reeleito. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), ironizou dizendo que “Lula derrotou o pai e vai derrotar o filho”.
Entre outros partidos, as avaliações também foram distintas. O presidente do Missão, Renan Santos, disse que pretende derrotar tanto Lula quanto Flávio. Já João Amoêdo, ex-candidato à Presidência, avaliou que a decisão tem caráter “individualista” e poderia favorecer o atual presidente ou um nome apoiado pelo Palácio do Planalto.
Parlamentares aliados ao ex-presidente saíram em defesa do senador. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que o irmão representa a continuidade dos ideais do pai e simboliza “esperança em meio ao medo”. O deputado Mário Frias (PL-SP) declarou apoio incondicional, enquanto o general Eduardo Pazuello (PL-RJ) afirmou que Flávio está preparado para assumir o protagonismo da direita.
A repercussão também chegou à cúpula partidária. O presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, divulgou nota defendendo que o país precisa de uma agenda que una diferentes setores, afirmando que “não será a polarização que construirá o futuro”. Já o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reforçou a escolha: “Se Bolsonaro falou, está falado. Estamos juntos”.
Possíveis adversários de Flávio no campo da direita também se posicionaram. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), escreveu que respeita a decisão do ex-presidente e seguirá como pré-candidato, afirmando crer na vitória da direita em 2026.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse considerar “democrático” que Flávio concorra e relatou ter conversado com Bolsonaro antes de anunciar sua própria intenção de disputar o Planalto. Segundo Zema, o ex-presidente lhe disse que múltiplas candidaturas no primeiro turno podem fortalecer a oposição no segundo.
Embora a pré-candidatura de Flávio fortaleça o núcleo bolsonarista, pesquisas ainda mostram vantagem do atual presidente da República. Levantamento AtlasIntel/Bloomberg divulgado na terça-feira (2) indica Lula com 47,3% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23,1% atribuídos a Flávio Bolsonaro.