O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou nesta quarta-feira (2) um site com objetivo de reunir influenciadores digitais dispostos a atuar em defesa do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Batizada nos bastidores como “gabinete do amor”, a iniciativa busca ampliar o alcance das pautas governistas nas redes sociais e unificar o discurso digital da militância petista. A estratégia tenta driblar o desgaste do governo federal, sobretudo no Congresso, e recuperar terreno no campo digital, tradicionalmente dominado por vozes da direita.
Apesar de oficializada por meio da estrutura partidária, a tática reproduz mecanismos que o próprio PT já criticou em outras ocasiões. Por diversas vezes, lideranças petistas tentaram associar a atuação espontânea de influenciadores conservadores a crimes como milícia digital e desinformação — ainda que sem provas e com forte apelo político para enquadramentos judiciais.
Agora, a sigla adota um formato semelhante, porém centralizado, institucionalizado e orientado por campanhas específicas e com uso semeantivo mais adequado aos seus interesses de poder.
A principal ação vinculada ao lançamento da plataforma é a campanha “Taxação BBB” – que defende a cobrança de impostos sobre bilionários, bancos e casas de apostas (as chamadas bets). A iniciativa tem como pano de fundo a tentativa do governo de compensar a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5.000, promessa feita por Lula durante a campanha presidencial. O projeto de lei sobre o tema deve ser discutido no Congresso no segundo semestre.
A página “Influenciadores com Lula” pede o preenchimento de nome completo, e-mail, número de WhatsApp, cidade, estado e perfis nas redes sociais. Ao final do formulário, os interessados são convidados a indicar de que forma desejam colaborar:
– espalhar conteúdo nas redes sociais;
– criar conteúdo próprio;
– atuar como representante oficial na cidade;
– organizar eventos locais;
– liderar equipes regionais.
A nova frente de atuação digital do PT é, na prática, uma resposta ao crescente engajamento da direita nas plataformas sociais. Desde a ascensão de Jair Bolsonaro, perfis conservadores dominaram o debate público em aplicativos como Instagram, Twitter e TikTok. Tentativas anteriores da esquerda de conter esse avanço passaram por acusações de “gabinetes do ódio”, ações no Judiciário, campanhas de desmonetização e articulações com big techs.