Dois candidatos de direita devem disputar o segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia, encerrando quase vinte anos de governos liderados pela esquerda. O pleito está marcado para 19 de outubro.
De acordo com projeções divulgadas pelos institutos Ipsos e Captura, o senador de centro-direita Rodrigo Paz Pereira aparece na dianteira com 31,3% e 31,6% dos votos, respectivamente. Em segundo lugar, está o ex-presidente Jorge ‘Tuto’ Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia, com índices de 27,1% e 27,3%.
O empresário Samuel Doria Medina, que ficou em terceiro lugar nas contagens rápidas, reconheceu a derrota e anunciou apoio a Paz Pereira. “Como afirmei várias vezes, cumpro os meus compromissos. Ao longo da campanha, disse que, se não chegasse à segunda volta, apoiaria quem ficasse em primeiro lugar, desde que não fosse o MAS. Esse candidato é Rodrigo Paz e mantenho a minha palavra”, declarou.
A votação realizada neste domingo (17) envolveu cerca de 12 milhões de bolivianos e também definiu a composição do Senado e da Câmara dos Deputados. Dez candidatos estavam habilitados, mas apenas oito participaram efetivamente da disputa presidencial, incluindo Eduardo del Castillo, apoiado pelo presidente Luis Arce e representante do Movimento ao Socialismo (MAS).
O MAS, no entanto, já chegou enfraquecido no processo. Luis Arce desistiu de disputar a reeleição e lançou del Castillo, que ficou em posição secundária. Evo Morales, afastado do partido após conflitos internos, tentou retornar pela legenda PAN-BOL, mas teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), que anulou a sigla por descumprimento da lei. Além disso, em maio, o Tribunal Constitucional proibiu Morales de concorrer a um quarto mandato.
A crise interna do MAS, somada à alta rejeição ao governo de Arce e à insatisfação popular com casos de corrupção, inflação e crise energética, abriu caminho para o avanço da direita. Como já havia antecipado o Conexão Política, um segundo turno entre dois líderes de direita é inédito no país.