Um tribunal do Peru condenou nesta quarta-feira (3) o ex-presidente Alejandro Toledo, de 79 anos, a 13 anos e 4 meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro. A decisão compõe a segunda condenação do ex-mandatário por envolvimento em esquemas de corrupção.
Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006, foi considerado culpado de utilizar recursos de propinas pagas pela construtora brasileira Odebrecht — atualmente rebatizada como Novonor — para adquirir imóveis de alto valor na capital Lima. Segundo o Ministério Público peruano, o ex-presidente e sua esposa teriam usado US$ 5,1 milhões para a compra de uma casa e um escritório em um bairro nobre da cidade, além de quitar hipotecas de outras duas propriedades.
Os valores teriam sido movimentados por meio de uma empresa offshore registrada na Costa Rica, criada com o objetivo de lavar o dinheiro ilícito, conforme sustentam os promotores. A nova condenação se soma à sentença de 20 anos e 6 meses de prisão proferida em outubro de 2024, relacionada ao recebimento de até US$ 35 milhões em propinas da Odebrecht em troca do contrato para a construção de uma rodovia que liga a costa sul do Peru à região amazônica brasileira.
As penas serão cumpridas de forma simultânea. Atualmente, Toledo está detido em uma penitenciária instalada dentro de uma base da Polícia Nacional em Lima. A unidade também abriga outros ex-presidentes peruanos, como Ollanta Humala, Pedro Castillo e Martín Vizcarra, todos implicados em escândalos de corrupção.
A Odebrecht, epicentro da Operação Lava Jato no Brasil, admitiu em 2016 ter pago propinas a autoridades de diversos países da América Latina para obter contratos de obras públicas. O impacto da operação no Peru foi particularmente amplo, atingindo quase todos os presidentes do país no século XXI.
Outro ex-presidente, Pedro Pablo Kuczynski, de 86 anos, também enfrenta julgamento por seu suposto envolvimento no esquema. O Ministério Público peruano busca uma condenação de até 35 anos de prisão contra ele.