
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou no domingo (7) que sua pré-candidatura à Presidência da República está condicionada à elegibilidade de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi dada durante entrevista ao programa Domingo Espetacular, da TV Record.
“Meu preço é Justiça. E não é só Justiça comigo, é Justiça com quase 60 milhões de brasileiros que foram sequestrados, estão dentro de um cativeiro, nesse momento, junto com o presidente Jair Messias Bolsonaro […] A única forma disso [desistência] acontecer é se Bolsonaro estiver livre, nas urnas, caminhando com seus netos, filhos de Eduardo Bolsonaro, pelas ruas de todo o Brasil. Esse é meu preço“, afirmou o parlamentar.
Flávio foi questionado se a aprovação de um projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro seria suficiente para que ele desistisse da corrida presidencial. Ele respondeu: “Além de anistia, você tem que ter Bolsonaro nas urnas.” O senador ainda rechaçou a ideia de que sua movimentação tenha caráter provisório. “Não tem balão de ensaio. Não tiro meu nome a não ser na condição de Justiça não só com Bolsonaro, mas com milhões de brasileiros que estão sofrendo.”
Jair Bolsonaro está inelegível desde 30 de junho de 2023, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Em 22 de novembro de 2025, foi preso por tentativa de golpe de Estado, após ser condenado a 27 anos e 3 meses. O ex-presidente cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Segundo Flávio, sua indicação como pré-candidato partiu do próprio pai. “Em conversas anteriores, enquanto [Jair Bolsonaro] estava em casa e indo para o gabinete dele no PL, em Brasília. A gente já vinha conversando bastante sobre isso. Já era um cenário que a gente sabia que isso podia acontecer. Essa foi a 4ª vez que ele me disse que eu seria o candidato indicado por ele. Eu na verdade que segurei esse tempo todo”, relatou o senador.
Ele acrescentou que antes de formalizar sua pré-candidatura, foi necessário dialogar com aliados políticos e avaliar o melhor momento. “Foi da forma que tinha de ser. No momento certo”, disse. Na sexta-feira (5), Flávio havia anunciado publicamente que foi escolhido por Jair Bolsonaro para concorrer à Presidência. No mesmo dia, em participação em um culto evangélico na Comunidade das Nações, em Brasília, sinalizou que sua candidatura poderia não seguir até o fim, desde que um “preço” fosse atendido.
O senador também comentou sobre o posicionamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo ele, Tarcísio foi a primeira pessoa com quem conversou após a definição de seu nome e teria demonstrado apoio. “Pode contar, estamos juntos”, teria dito o governador, segundo Flávio, que afirmou ainda que Tarcísio pretende disputar a reeleição estadual em 2026. Flávio disse que não irá cobrar manifestação pública de apoio: “Não vou cobrar isso dele”.
Sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador negou qualquer disputa interna por protagonismo no grupo político. “Não tem nenhuma disputa por protagonismo dentro da família, com Michelle, pelo contrário. Minha relação com ela sempre foi maravilhosa”, declarou. “Vou contar muito com ela daqui até o dia da vitória.”
O anúncio da pré-candidatura de Flávio provocou reações no mercado financeiro. Na sexta-feira (5), o dólar comercial fechou em alta de 2,31%, cotado a R$ 5,433. A moeda acumulou valorização de 1,84% na semana. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores (B3), caiu 4,31%, encerrando o dia aos 157.369,36 pontos — maior queda diária desde 22 de fevereiro de 2021. Na semana, o índice recuou 1,07%, após três sessões seguidas de recordes nominais.
Para discutir os próximos passos da pré-campanha, Flávio afirmou que se reunirá na segunda-feira (8) com dirigentes partidários do Centrão e do PL. Já na terça-feira (9), pretende visitar o pai na prisão para tratar dos desdobramentos das articulações.
Estão previstas reuniões com Valdemar Costa Neto, presidente do PL; Ciro Nogueira (PI), senador e presidente do PP; Antonio Rueda, presidente do União Brasil; Marcos Pereira (SP), deputado e presidente do Republicanos; e Rogério Marinho (RN), líder do PL no Senado.