
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, designou o secretário de Estado, Marco Antonio Rubio, de 54 anos, como responsável direto pelas negociações com o governo brasileiro em torno do tarifaço imposto a produtos nacionais. Pelo lado brasileiro, o principal interlocutor será o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
Rubio, que atualmente comanda a diplomacia norte-americana, é ex-senador pela Flórida, membro do Partido Republicano e filho de imigrantes cubanos. Ele adota uma postura crítica em relação a regimes como China e Irã, além de ter rejeição a governos de esquerda da América Latina, incluindo os de Venezuela, Cuba e o do Brasil sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A relação entre Trump e Rubi passou a ser de confiança a partir de 2017, com Rubio assumindo papel central na política externa do governo republicano. Ao longo do segundo mandato de Trump, consolidou-se como liderança de alto escalão na formulação de diretrizes diplomáticas, sobretudo no que diz respeito à América Latina.
Rubio tem se mostrado abertamente crítico ao governo Lula, principalmente por conta da aproximação do Brasil com regimes como os de China e Venezuela. Em 2022, após o resultado das eleições presidenciais brasileiras, publicou um artigo reprovando os vínculos entre Lula e o regime de Nicolás Maduro. Como secretário de Estado, adotou diversas medidas e declarações contrárias a autoridades brasileiras.
Em setembro de 2025, o anúncio de punições a uma suposta rede de apoio ao ministro Alexandre de Moraes, além de críticas à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, com indicativo de sanções ao Brasil; em agosto, a classificação do programa Mais Médicos como um “golpe diplomático”; em julho, a revogação do visto de Moraes; e em maio, a sinalização de restrições a autoridades brasileiras por atos de censura contra cidadãos norte-americanos.
Rubio também mantém interlocução aberta com a família Bolsonaro desde 2018, em especial com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com quem estabeleceu relação de amizade após a eleição de Jair Bolsonaro. Desde fevereiro deste ano, Eduardo está radicado nos Estados Unidos e, segundo fontes próximas, tem atuado como articulador político em campanhas por sanções contra autoridades brasileiras, com o objetivo de pressionar por algum tipo de anistia ao pai, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Eduardo chegou a agradecer publicamente a Rubio e Trump pela revogação do visto de Moraes, decisão adotada pelo Departamento de Estado em julho.