POLITICAGEM NO PALCO

Show da banda Sophia Chablau tem telão e som cortados após projeções pró-Palestina em SP

Festividade teve organização da Prefeitura de São Paulo e contou com financiamento de verba pública.

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Foto: Reprodução/Redes Sociais

A banda Sophia Chablau diz ter sido censurada durante apresentação realizada na praça do Patriarca, no centro de São Paulo, na sexta-feira (11), durante a Semana do Rock — evento aberto ao público e promovido pela Prefeitura de São Paulo. Segundo a empresária do grupo, o show foi encerrado 20 minutos antes do previsto, com sete músicas do repertório original cortadas.

A Secretaria Municipal de Cultura nega que tenha encerrado a apresentação, mas confirma ter desligado o telão e reduzido o volume do som. A justificativa, segundo nota enviada à imprensa, é que as mensagens exibidas “feriam cláusulas contratuais” e “continha ofensas contra terceiros”. A banda, no entanto, alega que não houve qualquer cláusula contratual proibindo manifestações.

Em trecho do contrato obtido pelo Conexão Política, consta que as manifestações realizadas durante os shows são de responsabilidade dos artistas, cabendo à prefeitura o direito de cobrar eventuais custos judiciais caso haja ações por danos morais ou à imagem de terceiros.

Durante a apresentação, foram projetadas no telão mensagens como “boicote Israel”, “Palestina livre”, uma imagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em chamas, além de críticas à jornada de trabalho 6×1. Outras imagens incluíam registros da própria banda, o logo do grupo, desenhos de bandeiras de países e retratos do cineasta Glauber Rocha.

Segundo Francesca Ribeiro, empresária da banda, a projeção de “Palestina Livre” permaneceu na tela durante o intervalo entre a passagem de som e o início do show. Nesse momento, um produtor da prefeitura teria pedido a retirada da imagem. Após consulta com a banda, os artistas decidiram manter a exibição.

Ainda conforme o relato de Francesca, no decorrer do show, o mesmo produtor afirmou que qualquer nova manifestação política levaria à interrupção do telão. Quando as imagens pararam de ser projetadas, a vocalista Sophia Chablau comentou publicamente: “Que história é essa? O nosso governo federal apoia a Palestina. Não tem nada de errado a gente apoiar a Palestina. A gente não está indo contra as leis do nosso próprio país […] A cultura é assim.”

A empresária afirmou que, após a fala da vocalista, o produtor voltou a notificar que o show seria cortado caso ela dissesse mais algo contra a prefeitura. De acordo com ela, inicialmente a restrição teria sido atribuída apenas ao telão, mas depois também se estendeu às declarações ao microfone.

A apresentação foi encerrada antes do horário previsto, com parte do repertório cancelado. A banda sustenta que houve censura e que a intervenção da prefeitura foi incompatível com o espírito democrático do evento e com a liberdade artística.