GUERRA INSTITUCIONAL

Trump avalia investida que pode afetar diretamente Lula e todo o governo brasileiro

Governo dos Estados Unidos estuda a restringir visto para delegações do Brasil e outros países na ONU, entre eles Irã, Sudão e Zimbábue.

Foto: Marcelo Camargo/ABr
Foto: Marcelo Camargo/ABr

O documento, obtido pela agência Associated Press, aponta que as medidas fazem parte de um esforço mais amplo da Casa Branca para endurecer a política de concessão de vistos diplomáticos, afetando tanto a entrada quanto a mobilidade de representantes estrangeiros nos Estados Unidos. As restrições poderão limitar a atuação de comitivas fora da área da sede da ONU, em Manhattan.

Brasil entra na lista de países sob avaliação

O memorando inclui o Brasil entre os países que podem ser alvo das novas diretrizes. Embora não haja definição sobre os integrantes da delegação que seriam afetados, nem se a medida incluiria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presença brasileira na ONU tem relevância diplomática: tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia, seguido pelos Estados Unidos.

Fontes ligadas à administração Trump afirmam que o Brasil passou a ser monitorado com maior atenção após o avanço do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Trump, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A possível retaliação, no entanto, ainda está em análise.

Irã e atacadistas na mira

Entre as propostas avaliadas está a proibição de diplomatas iranianos frequentarem redes de atacado como Costco e Sam’s Club sem autorização prévia. Esses estabelecimentos são populares entre representantes iranianos, por permitirem a compra de produtos em larga escala — geralmente não disponíveis no Irã — para envio ao país. A ideia é condicionar o uso dessas carteiras de associados ao aval do Departamento de Estado.

Apesar da inclusão do Irã entre os países com maior nível de restrição, o texto não especifica quando ou se tais medidas entrarão em vigor.

Síria recebe tratamento diferenciado

Contrariando a tendência de restrições, o memorando menciona que a delegação da Síria recebeu uma dispensa especial das regras de limitação de mobilidade que vigoram há mais de uma década. A medida está alinhada com os esforços recentes da Casa Branca para reaproximar-se do país após a queda do regime de Bashar al-Assad, em 2024.

Sem detalhamento sobre Sudão e Zimbábue

As menções a Sudão e Zimbábue também constam no documento, mas sem informações específicas sobre o tipo de restrição em estudo para suas comitivas.

Silêncio diplomático

Até o momento, o Departamento de Estado dos EUA não comentou o conteúdo do memorando. As missões permanentes do Brasil e do Irã na ONU também não responderam aos pedidos de posicionamento feitos pela imprensa.