O preço do petróleo registrou uma forte queda nesta segunda-feira (23), refletindo o alívio imediato do mercado diante da retaliação limitada do Irã aos ataques norte-americanos. O barril do Brent recuou 5,25% e fechou a US$ 72,97, em um movimento que surpreendeu investidores ao redor do mundo.
Os ataques iranianos contra uma base americana no Catar foram interceptados, sem deixar vítimas, segundo autoridades locais. Essa resposta controlada foi interpretada como simbólica, diminuindo a possibilidade de uma escalada militar no Oriente Médio. Com isso, o temor de uma interrupção no fornecimento global de petróleo arrefeceu, pressionando os preços para baixo.
Aversão ao risco diminui
O recuo no preço do petróleo impulsionou os índices de ações, como o S&P 500, que subiu quase 1%. A queda nos preços da energia reduziu as preocupações com a inflação global, especialmente nos Estados Unidos, e levou os investidores a reverem suas expectativas quanto à política monetária.
A governadora do Federal Reserve, Michelle Bowman, afirmou que vê espaço para um corte de juros já em julho. Essa sinalização fortaleceu a expectativa de flexibilização monetária ainda no segundo semestre e ajudou a sustentar o otimismo nos mercados.
Fluxo de petróleo
Apesar dos ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas, não houve qualquer interrupção no fluxo de petróleo da região. O Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo global, continua operando normalmente. Analistas destacam que o Irã depende fortemente dessa rota para suas próprias exportações, o que reduz a probabilidade de um bloqueio.
Além disso, os Estados Unidos mantêm presença militar significativa no Golfo Pérsico, o que atua como fator de dissuasão para ações mais drásticas por parte do regime iraniano.
Mercado projeta normalização
Mesmo com o agravamento do conflito entre Estados Unidos e Irã, o histórico recente mostra que o impacto de eventos geopolíticos no preço do petróleo tende a ser passageiro. Segundo relatório do Morgan Stanley, crises semelhantes geralmente geram volatilidade de curto prazo, mas não alteram os fundamentos do mercado no médio e longo prazo.
Nos três primeiros meses após eventos de risco, como guerras localizadas, o índice S&P 500 costuma apresentar recuperação consistente, o que reforça o entendimento de que os mercados tendem a absorver rapidamente choques externos, desde que a oferta de energia não seja comprometida.
Perspectiva de corte de juros
O mercado também monitora os próximos movimentos do Federal Reserve. Discursos recentes de membros do banco central americano, como Bowman e Christopher Waller, apontam para um ciclo de cortes de juros já a partir de julho. Isso reforça o cenário de estabilidade monetária e ajuda a conter pressões sobre o dólar e sobre o preço do petróleo.
Com menos temor inflacionário e menor risco de choque na oferta global de energia, o petróleo deve continuar operando com menor volatilidade, a depender do desdobramento diplomático entre Irã, Israel e Estados Unidos nas próximas semanas.