JULGAMENTO NO SUPREMO

‘Enquanto eu falo, o senhor fica quieto’, diz Moraes a advogado de Filipe Martins

Ministro do STF interrompe defesa de Filipe G. Martins após questionamento sobre prazos e denúncia apresentada pela PGR.

Moraes vota para condenar homem que sentou na ‘cadeira do Xandão’ a 17 anos de prisão
Foto: Valter Campanato/ABr

Nesta segunda-feira (14), enquanto ouvia testemunhas ligadas aos núcleos 2, 3 e 4 da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se desentendeu com Jeffrey Chiquini, advogado de Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência da República no governo Bolsonaro.

A discussão aconteceu antes do depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente e atualmente colaborador da Justiça. Chiquini reclamou do curto prazo para análise do processo, alegando que os autos foram disponibilizados apenas quatro dias antes da audiência, o que, segundo ele, impossibilitaria a plena defesa.

“Enquanto eu falo, o senhor fica quieto”, respondeu Moraes. Segundo o ministro, a questão do prazo já havia sido resolvida previamente.

Apesar da advertência, o advogado continuou a argumentar, o que acabou interrompendo a fala de Moraes e abrindo mais embate durante a audiência. Na sequência, a defesa questionou a forma como a PGR dividiu as denúncias entre os núcleos da investigação. Moraes reagiu novamente: “Não é o senhor que vai ditar se a PGR deve denunciar seu cliente no núcleo 1, 2 ou 3. Se não, deveria ter feito concurso para a Procuradoria”.

Filipe Martins e os demais investigados são acusados de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As oitivas fazem parte da fase de instrução do processo que corre no STF.