
A Justiça determinou a prisão do prefeito, da vice-prefeita e de todos os 11 vereadores de um município do interior do Maranhão no âmbito de uma investigação que apura um amplo esquema de corrupção.
A operação foi conduzida pelo Grupo de Ação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), com apoio da Polícia Militar do Maranhão (PMMA), e resultou na prisão de 14 pessoas desde a última segunda-feira (22), em ações realizadas na cidade de Turilândia e também na capital, São Luís.
Entre os detidos estão seis vereadores, a vice-prefeita em exercício, Tânia Mendes, do PRD, e um médico neurocirurgião apontado pelos investigadores como agiota do prefeito. Durante o cumprimento de mandados, os agentes localizaram mais de R$ 2 milhões em dinheiro na residência do irmão do médico, valor que, segundo a apuração, estaria ligado ao esquema investigado.
Nesta quarta-feira (24), outros cinco investigados que estavam sendo procurados se apresentaram espontaneamente à polícia. Entre eles estão o prefeito Paulo Curió, do União Brasil, a primeira-dama Eva Curió, a ex-vice-prefeita Janaína Lima, do PRD, o marido dela, Marlon Serrão, e o contador da prefeitura, Wandson Jhonathan Barros.
De acordo com o Ministério Público, o prefeito, a vice-prefeita e todos os vereadores são investigados pelos crimes de organização criminosa e corrupção. A estimativa dos promotores é de que mais de R$ 56 milhões tenham sido desviados dos cofres públicos em um período inferior a quatro anos.
As investigações apontam que, desde 2021, um posto de combustíveis pertencente à ex-vice-prefeita Janaína Lima e ao marido teria sido utilizado para lavar dinheiro. Conforme o Ministério Público, a prefeitura realizava pagamentos por abastecimentos que não ocorriam, e os recursos retornavam posteriormente ao prefeito.
Outro ponto central da apuração envolve o setor de licitações do município. A servidora responsável pelos pregões eletrônicos, Clementina de Jesus Pinho, que também foi presa, confessou que grande parte dos processos licitatórios era fraudada. Em depoimento, ela relatou que as irregularidades eram feitas por determinação direta do prefeito e que recebia vantagens pessoais em troca.
Segundo o promotor de Justiça Fernando Berniz, a própria servidora afirmou que cerca de 95% das licitações eram manipuladas, motivadas por benefícios indevidos como presentes e outras recompensas ilícitas.
Cinco vereadores ainda permanecem foragidos. Já os outros seis tiveram a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. Mesmo sendo investigado, o presidente da Câmara Municipal, José Luís Araújo, do União Brasil, assumirá interinamente a administração da cidade, já que não houve afastamento formal do cargo.
O Ministério Público informou que a decisão judicial foi tomada de forma a não paralisar totalmente a administração municipal. O caso será analisado pelo Procurador-Geral de Justiça do Maranhão, que poderá avaliar a possibilidade de adoção de medidas adicionais, como eventual intervenção no município, caso sejam preenchidos os requisitos legais para isso.
Em nota, a defesa de Paulo Curió e de Eva Curió afirmou que ambos estão à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. A defesa da vice-prefeita Tânia Mendes preferiu não se manifestar. Os advogados dos demais citados não foram localizados até o momento, porém o espaço segue aberto para posicionamento.