A trajetória política de Ciro Gomes (PDT) pode estar prestes a passar por uma reviravolta. O ex-governador e ex-ministro deverá se reunir, nos próximos dias, com lideranças do PSDB para discutir sua possível filiação à legenda tucana, o que marcaria o fim de sua longa permanência no PDT, partido ao qual está ligado há quase três décadas.
Segundo aliados próximos, o encontro ainda não tem data definitiva, pois depende do alinhamento das agendas, mas os nomes envolvidos nas tratativas já estão certos: Marconi Perillo, atual presidente do PSDB, e os veteranos Aécio Neves e Tasso Jereissati. Este último, aliás, é apontado como o principal articulador da possível mudança. Jereissati e Ciro mantêm uma relação antiga, forjada ainda nos tempos em que o hoje pedetista governou o Ceará pelo PSDB, entre 1991 e 1994.
Nas últimas semanas, Ciro e os tucanos intensificaram as conversas por telefone, e a possibilidade de retorno à antiga casa ganha força em um momento em que o PSDB busca reconstruir sua imagem e retomar protagonismo político nacional, especialmente de olho nas eleições de 2026. Enfraquecido e com nomes históricos deixando a legenda nos últimos anos, o partido vê no político cearense uma oportunidade de renovar suas fileiras com alguém de projeção nacional.
Caso a mudança se concretize, Ciro teria duas alternativas em aberto: disputar novamente a Presidência da República ou buscar o governo do Ceará. Por sua vez, o ex-ministro enxerga no PSDB um ambiente propício para continuar sua oposição ao PT, especialmente após o escândalo envolvendo fraudes no INSS, revelado durante a gestão petista num ministério que estava sob o comando do PDT, o que gerou ainda mais distanciamento entre ele e a atual base governista.
Apesar de tentar convencer o PDT a deixar o governo Lula, Ciro foi voto vencido internamente. O partido optou por continuar na base aliada, mesmo com o clima tenso entre sua direção e a bancada no Congresso.
Uma eventual migração para o PSDB também pode ter repercussões diretas no cenário político do Ceará. A entrada de Ciro em uma legenda adversária tende a dificultar os planos de reeleição do governador Elmano de Freitas (PT), que conta com o apoio do grupo liderado por Cid Gomes, irmão de Ciro, de quem está afastado politicamente, e do ministro da Educação, Camilo Santana, também petista.