Foto: Joedson Alves/ABr
Foto: Joedson Alves/ABr

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) negou neste domingo (7) que sua pré-candidatura à Presidência da República seja uma medida provisória ou simbólica. Em entrevista à TV Record, o parlamentar afirmou que a indicação foi amadurecida ao lado do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e rechaçou a leitura de que a movimentação tenha caráter estratégico para abrir espaço a outro nome. “Não tem balão de ensaio. Não tiro meu nome a não ser na condição de justiça com Bolsonaro e com milhões de brasileiros que estão sofrendo”, declarou.

Segundo ele, a decisão de anunciar a candidatura foi tomada após conversas reservadas com aliados e com a própria família. “Eu que, na verdade, segurei esse tempo todo [a indicação como pré-candidato]. Falava: ‘Pai, você tem que ter a convicção do que está fazendo’. Ele disse ter a convicção. O trabalho que eu fiz foi conversar com o máximo de pessoas que pude antes disso se tornar público. Foi da forma que tinha que ser”, afirmou.

Desde a confirmação da pré-candidatura na sexta-feira (5), aliados do bolsonarismo passaram a especular nas redes sociais que o movimento poderia ter como objetivo acelerar um eventual acordo político que permitisse a soltura e a elegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. A leitura é que o lançamento de Flávio pressionaria o Centrão a apoiar uma proposta mais ampla de anistia, em troca de uma composição futura em torno da candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.

Durante culto evangélico em Brasília, no primeiro ato público desde o anúncio, Flávio admitiu que há possibilidade de não levar a candidatura até o fim, mas condicionou isso a uma negociação política. “Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho um preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho um preço para não ir até o fim”, declarou. Questionado se a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro seria esse preço, respondeu: “Está quente, está perto. Preço esse eu vou ficar pensando. Hoje, vamos debater na imprensa.”

Flávio afirmou que espera que a proposta de anistia seja pautada ainda nesta semana. “Espero que os presidentes da Câmara [Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba] e do Senado [Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá] cumpram aquilo que eles prometeram para nós quando eram candidatos ainda, de que pautariam a anistia”, disse.

O senador também declarou que pretende se reunir na segunda-feira (8) com lideranças partidárias para discutir sua pré-candidatura. Estão previstas conversas com Valdemar Costa Neto (PL), Ciro Nogueira (PP), Antonio Rueda (União Brasil), Marcos Pereira (Republicanos) e Rogério Marinho (PL-RN). Na terça-feira (9), ele afirmou que visitará novamente Jair Bolsonaro para tratar dos desdobramentos das conversas.

Flávio também rebateu críticas sobre sua viabilidade eleitoral. Disse que pesquisas realizadas antes do anúncio oficial “não valem absolutamente nada” e classificou sua pré-candidatura como “altamente competitiva”. Ele destacou a importância de São Paulo no cenário nacional e afirmou que o governador Tarcísio de Freitas terá papel estratégico na eleição presidencial. “São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil, é o estado com maior importância em questão de PIB, em geração de empregos, é uma potência. O orçamento de São Paulo só fica abaixo do orçamento da União. E o Tarcísio é um craque. Tarcísio é o camisa 10 dessa seleção, desse time que nós temos”, declarou.

Flávio revelou que o governador paulista foi a primeira pessoa com quem conversou sobre a candidatura e afirmou que a reação foi positiva. “A primeira pessoa que eu quis conversar (sobre a pré-candidatura) foi o Tarcísio. E a reação dele foi a reação que eu também teria se fosse o contrário, se fosse o Tarcísio indicado pelo presidente Bolsonaro para disputar as eleições, já que nós não estamos no momento com a possibilidade do Jair Bolsonaro ser o nosso candidato a presidente. Foi muito boa a reação. Um cara que se mostrou de peito aberto para mim.”

Embora Tarcísio ainda não tenha se manifestado publicamente sobre o tema, Flávio minimizou o silêncio. “Não vou ficar cobrando do Tarcísio que ele se manifeste publicamente, porque ele já falou por várias, e várias, e várias vezes que o objetivo dele é ser candidato à reeleição no governo de São Paulo”, disse.

O senador reiterou que a escolha de seu nome partiu de uma decisão direta do ex-presidente Jair Bolsonaro, após encontros reservados e uma reunião familiar na semana anterior ao anúncio. “Agora é trazer as pessoas certas para o nosso lado. Nesse primeiro momento, vamos conversar, sem compromisso de absolutamente nada, para que todos possamos trocar impressões”, concluiu.

Embora Flávio seja oficialmente o nome do PL ao Planalto, lideranças do Centrão indicaram, segundo reportagens, que podem adotar posição de neutralidade em 2026 caso o senador permaneça como o principal candidato. Nos bastidores, Tarcísio de Freitas continua sendo tratado como o nome mais competitivo da direita para enfrentar o presidente Lula, que buscará a reeleição.