BANDEIRA VERDE

Motta avisa que pautará urgência do projeto de anistia

Presidente da Câmara diz ser contra perdão amplo, mas admite votar projeto, mas admite que debaterá teor com líderes da Casa.

Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputado
Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputado

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou a líderes partidários durante reunião nesta segunda-feira (15) que pautará o pedido de urgência para o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro. A votação pode ocorrer ainda nesta terça-feira (16).

A iniciativa abre caminho para que o mérito da proposta, que concede perdão penal a manifestantes presos ou condenados. Com isso, passa a ser apreciado diretamente no plenário, sem passar pelas comissões permanentes da Casa.

A decisão de Motta se dá em meio à pressão de diferentes frentes. A oposição tem cobrado celeridade para a tramitação da anistia, enquanto parte da base governista já manifestava preocupação com o avanço do tema em ano pré-eleitoral. A sinalização de que a urgência será votada já nesta semana acelerou os bastidores e já colide com uma rebelião interna no Palácio do Planalto.

O governo federal tem dito ao alto escalão que prepara uma reação à sinalização de Hugo Motta. Minutos após a reunião com líderes, integrantes da base aliada iniciaram articulações para barrar o requerimento de urgência.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo é contra qualquer proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. “Além de imoral, é inconstitucional”, declarou. Segundo ela, “nem terminou o julgamento, e já há pressão para pautar esse tipo de proposta”.

A anistia tem sido defendida por parlamentares da direita, de partidos do Centrão e por lideranças religiosas, jurídicas e civis que alegam condenações sem crimes. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), chegou a acenar com uma “anistia light”, que excluiria Jair Bolsonaro da medida, mas a tese foi rechaçada publicamente.

O STF já condenou dezenas de réus por tentativa de golpe e outros crimes relacionados. Jair Bolsonaro foi condenado na última semana a 27 anos e 3 meses de prisão e cumpre pena em regime domiciliar.